Trump envia mais 2.000 militares para Los Angeles

O Presidente dos EUA, Donald Trump, destacou na segunda-feira mais dois mil soldados da Guarda Nacional para Los Angeles, que se somam aos 700 fuzileiros já mobilizados e aos primeiros dois mil soldados que já tinham sido enviados para a cidade. Sobe, assim, para quase cinco mil o número total de militares destacados para contrariar os protestos que têm marcado os últimos dias. Segundo a imprensa internacional, a última noite foi marcada por uma maior acalmia, em comparação com os protestos violentos de domingo, mas continua a sentir-se um ambiente de tensão em várias zonas de Los Angeles.
A informação sobre a mobilização de mais 2.000 militares foi comunicada na noite de segunda-feira pelo governador democrata do estado da Califórnia, Gavin Newsom, depois de alegadamente ter sido informado pela Casa Branca. Poucas horas antes, o mesmo responsável tinha dado nota de que o Pentágono tinha enviado cerca de 700 fuzileiros na cidade para conter as manifestações contra as políticas de Trump na imigração.
De acordo com a informação veiculada pelas 8h00 em Lisboa pelo Los Angeles Times, as multidões de manifestantes dispersaram e ao início da noite (23h em LA) era grande a diferença face à maior violência dos confrontos da véspera. Ainda assim, como nota um correspondente da BBC na cidade norte-americana, “ainda se sente muita tensão”, embora não seja tão visível a violência que se espalhou pela cidade no domingo – dia em que chegou a estar bloqueada uma importante autoestrada (a 101).
VIDEO: Police use tear gas and flash-bang grenades to disperse demonstrators during protests in a suburb of Los Angeles over immigration enforcement raids pic.twitter.com/0U1OLSiWO7
— AFP News Agency (@AFP) June 10, 2025
Cerca de 150 pessoas foram detidas em Los Angeles desde sexta-feira, por envolvimento nestas manifestações.
Trump começou por anunciar no passado sábado a mobilização dos primeiros dois mil soldados da Guarda Nacional da Califórnia, sem a aprovação do governador do estado, que é o comandante-chefe destas tropas no estado, na primeira vez em 60 anos que o executivo norte-americano se impõe desta forma. O procurador da Califórnia, Rob Bonta, apresentou uma ação judicial contra a Administração Trump, alegando que a medida tomada pela Casa Branca configura “abuso da autoridade do governo federal e violou a Décima Emenda” da Constituição.
A presidente democrata da Câmara Municipal de Los Angeles, Karen Bass, garantiu que o perímetro dos confrontos se confina a “algumas ruas” do centro da cidade, mas segundo Trump, a metrópole californiana teria sido “varrida do mapa” se ele não tivesse decidido enviar a Guarda Nacional.
A afirmação do Presidente foi desmentida pelo procurador do distrito de Los Angeles, Nathan Hochman. “Não assistimos a nenhuma agitação civil em grande escala que exigisse 2.000 guardas nacionais e 500 ou 700 soldados adicionais”, afirmou em declarações ao canal NewsNation.
Os soldados foram mobilizados para proteger edifícios federais na cidade. Atualmente, apenas algumas dezenas de soldados estão destacados para guardar o complexo federal no centro de Los Angeles, que inclui o centro de detenção de imigrantes. Os Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) e os tribunais de imigração localizados no complexo federal suspenderam os serviços ao público na segunda-feira.
Newsom denunciou, entretanto, a situação de sobrelotação de Los Angeles, onde os primeiros soldados para aí destacados se deparam falta de alimentos e água. “Não há comida, não há água. Apenas cerca de 300 estão destacados; os restantes estão inativos, sem uso, em edifícios federais, sem ordens”, denunciou o governador democrata numa mensagem na rede social X.
A ação da Casa Branca, acrescentou o governador, “não tem a ver com a segurança pública”, mas com a “satisfação do ego” do Presidente dos EUA. “Isto é imprudente. É fútil. E desrespeitoso para com as nossas tropas”, insistiu. –
Gavin Newsom – “Newscum” [nova escumalha], na alcunha que Trump repete – é considerado um potencial candidato à Casa Branca em 2028, e é um dos alvos preferidos do republicano, que afirmou na segunda-feira que seria “ótimo” prendê-lo.
observador