PM aberto a diálogo com partidos, mas recusa exclusividade

Os líderes do Livre, BE e PAN consideraram hoje estar “do lado certo da história” com a coligação autárquica em Cascais, que dizem assumir um lado de resistência contra “os ventos contrários” no país e no mundo.
O economista Alexandre Abreu e até agora deputado municipal pelo BE oficializou a candidatura à Câmara Municipal de Cascais, apoiado pela coligação formada pelo BE, Livre e PAN, com o slogan “Futuro em Comum”, que tem como candidata à Assembleia Municipal Safaa Dib, do Livre, e como mandatário João Paulo Batalha.
Na apresentação da candidatura, que decorreu no Parque Urbano da Quinta de Rana, os três líderes elogiaram os candidatos e o mandatário, conhecido pelas suas posições contra a corrupção, mas deixaram também uma leitura nacional deste entendimento “entre pessoas que se veem todos os dias do lado certo de um parlamento que consegue dialogar”.
O deputado e porta-voz do Livre Rui Tavares defendeu que a coligação assenta numa visão comum de ideia de futuro e de liberdade, que considera ter sido distorcida nos últimos tempos, e colocou em confronto duas visões de sociedade.
“Queremos um país desconfiado, queremos um país em que o pobre está zangado com o desgraçado que está zangado com o miserável que está zangado com o vizinho do outro lado da rua, todos eles zangados com o imigrante? Ou queremos um país que é Portugal no seu melhor, que é também, Cascais no seu melhor, um país da entreajuda, um país da responsabilidade mútua em que todos somos responsáveis pelo nosso futuro, um país da bondade?”, perguntou.
Já a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, foi mais direta nas críticas ao atual Governo PSD/CDS-PP, que acusou de substituir as suas ideias sobre serviços públicos pelo combate à imigração.
“A direita fala dos temas da extrema-direita porque quer poder, porque se quer manter no poder. É uma política meramente oportunista”, acusou, considerando que o Chega nem sequer precisa de ter ministros para chegar ao poder porque os do PSD têm sido “intérpretes da política da extrema-direita”.
Pelo contrário, defendeu, os três partidos que hoje assumem a coligação autárquica em Cascais querem “resistir aos ventos que sopram cada vez mais fortes e mudar o sentido do vento, mudar o sentido do curso do rio, lutar contra esta vaga da história”.
“Para isso precisamos de duas coisas: a primeira é juntar forças, juntar partidos, juntar movimentos sociais, juntar independentes, juntar sociedade civil, juntar quem se quer juntar por este programa. E em segundo lugar precisamos de um programa, de uma visão, de um projeto”, afirmou, considerando que esta união em Cascais pode ser um ponto de partida.
A líder do PAN, Inês Sousa Real, salientou igualmente que os três partidos “estão do lado certo da história” e disse que estarão juntos “noutros pontos do país”.
“Não só Cascais, mas Portugal enfrenta neste momento um desafio muito grande, democrático, das boas políticas, de construirmos local para pensarmos global e de garantirmos que assim podemos dar um futuro não apenas às presentes e às futuras gerações”, disse.
O candidato Alexandre Abreu invocou o seu trabalho já feito na autarquia e enalteceu esta coligação para combater “as forças do ódio e do divisionismo”.
No final, foi questionado pelos jornalistas por que razão não foi possível incluir o PS nesta coligação, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, na Câmara Municipal de Lisboa.
“A possibilidade de coligações depende sempre da realidade política local e as propostas do PS aqui em Cascais e a visão do PS para o concelho afastam-se muito daquilo que é o centro comum da visão desta coligação. Desde o primeiro momento, tanto da parte deles como da nossa parte, não houve uma disponibilidade para procurar colmatar essas diferenças porque simplesmente são demasiado grandes”, afirmou.
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