Cientistas da Rússia e da China aprenderam a prever fluxos de lama

Foi desenvolvida uma ferramenta que permite avaliar a probabilidade de fluxos de lama nas montanhas

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Cientistas da Universidade Federal dos Urais (UrFU), em colaboração com colegas chineses, realizaram um avanço significativo na área de previsão de fluxos de lama ao desenvolver um modelo matemático de alta precisão. Este modelo é uma ferramenta poderosa, capaz não apenas de avaliar a probabilidade de fluxos de lama em áreas montanhosas tradicionalmente propensas a esse perigoso fenômeno natural, mas também de prever deslizamentos em regiões planas, onde deslizamentos, frequentemente desencadeados por chuvas intensas, estão se tornando cada vez mais comuns. O aspecto fundamental deste novo modelo é que ele leva em consideração dois parâmetros críticos: a quantidade de precipitação e a energia acumulada do material solto no solo.
Até agora, a maioria dos sistemas de alerta precoce de fluxos de lama se baseava principalmente em dados de volume de precipitação. No entanto, pesquisadores da UrFU e da China descobriram que duas condições devem ser atendidas simultaneamente para que um fluxo de lama ocorra. Exceder o valor limite de energia acumulada de material solto, definido pelo modelo como 3 bilhões de J/m³, é um fator tão importante quanto a intensidade da precipitação.
O modelo mostrou que, se a precipitação diária atingir 27 mm e a energia do material solto exceder o limite especificado, a probabilidade de um fluxo de lama aumenta drasticamente. É importante enfatizar que a ausência de um desses fatores reduz significativamente o risco e, sem um nível crítico de energia acumulada, mesmo uma precipitação intensa não levará necessariamente a um evento catastrófico. Graças a uma abordagem integrada que leva em consideração ambos os parâmetros, o novo modelo matemático demonstra uma precisão de previsão sem precedentes. O erro médio de previsão é de apenas 0,006%, o que, segundo Nikita Fomin, Diretora do Instituto de Construção e Arquitetura da UrFU, é 4.000 vezes menor do que o de modelos semelhantes usados anteriormente.
Isso significa um aumento significativo na confiabilidade dos sistemas de alerta precoce e a possibilidade de um planejamento mais eficaz de medidas para prevenir e minimizar os danos causados por fluxos de lama. É importante observar que, embora os fluxos de lama sejam uma ocorrência relativamente comum em regiões montanhosas, a frequência desses desastres aumentou acentuadamente nos últimos anos na Rússia central.
Segundo Igor Shkradyuk, coordenador do programa de ecologização industrial do Centro de Conservação da Vida Selvagem, isso está diretamente relacionado ao aumento observado na precipitação. Essa tendência enfatiza a relevância e a importância do modelo matemático desenvolvido, que permite uma avaliação e previsão mais precisas do risco de fluxos de lama em diversas áreas geográficas, contribuindo para o desenvolvimento de medidas eficazes para proteger a população e a infraestrutura desse perigoso fenômeno natural.
O desenvolvimento e o aprimoramento adicionais do modelo podem incluir a consideração de fatores adicionais, como a estrutura geológica do território, a cobertura vegetal, a presença de estruturas artificiais e o impacto antropogênico na paisagem, o que melhorará ainda mais a precisão das previsões e a confiabilidade dos sistemas de alerta.
A alta precisão de previsão alcançada neste estudo abre novas perspectivas para o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce e gerenciamento de riscos associados a fluxos de lama e pode ser aplicada em diversas regiões do mundo suscetíveis a esse fenômeno perigoso.
