Acordo comercial Índia-EUA: Energia, agricultura e tarifas; o que estará no pacto 'muito grande'

NOVA DÉLHI: As negociações comerciais entre a Índia e os EUA parecem estar de volta aos trilhos, já que o presidente Donald Trump deu a entender que um acordo "muito grande" com a Índia será firmado em breve. Em uma entrevista coletiva na Casa Branca, Trump disse: "Todo mundo quer fechar um acordo e participar dele. Lembram que, alguns meses atrás, a imprensa dizia: 'Vocês realmente têm alguém interessado? Bem, assinamos com a China ontem. Estamos fechando ótimos acordos. Temos um em breve, talvez com a Índia. Um muito grande. Onde vamos abrir a Índia, no acordo com a China, estamos começando a abrir a China." "Não vamos fechar acordos com todos. Para alguns, vamos apenas enviar uma carta, dizendo "muito obrigado". Vocês devem pagar 25, 35, 45%. Essa é a maneira mais fácil de fazer, e meu pessoal não quer fazer assim. Eles querem fechar alguns negócios, mas querem fechar mais negócios do que eu", acrescentou. Espera-se que a relação comercial entre a Índia e os Estados Unidos se transforme significativamente, podendo reduzir tarifas, tornando os produtos norte-americanos mais competitivos na Índia, especialmente nos setores de energia, agricultura, defesa e aviação. Dadas as tarifas médias mais altas da Índia em comparação às dos EUA, o BTA pode dar vantagem aos exportadores americanos, de acordo com a Revisão Econômica Mensal do Ministério das Finanças. Os EUA implementaram uma tarifa recíproca de 26% sobre produtos indianos em abril de 2025, mas a suspenderam por 90 dias a partir de 10 de abril, mantendo uma tarifa básica de 10%. As discussões bilaterais se aceleraram, mostrando progressos substanciais em comércio digital, acesso a mercados, procedimentos aduaneiros e padrões técnicos. Um acordo provisório poderá ser alcançado antes de 9 de julho, já que a Índia busca isenção total de tarifas retaliatórias. O comércio Índia-EUA atingiu US$ 131,84 bilhões no ano fiscal de 2025, estabelecendo a Índia como o principal parceiro comercial dos EUA. A CRISIL sugere que, embora as importações dos EUA para a Índia possam aumentar sob o BTA, as exportações indianas podem ter benefícios limitados, já que diversas exportações importantes já desfrutam de acesso livre de impostos ao mercado dos EUA. As crescentes necessidades energéticas da Índia, especialmente de GNL, podem criar parcerias benéficas com fornecedores dos EUA. O CRISIL destaca as vantagens do GNL em termos de estabilidade de preços e adequação a contratos de longo prazo em relação ao petróleo bruto. As importações agrícolas dos EUA podem aumentar, incluindo nozes, pistaches e cranberries, embora o acesso mais amplo ainda seja controverso. O setor de defesa apresenta oportunidades significativas de crescimento. Apesar do foco da Índia na produção nacional de defesa, o país continua sendo um grande importador de armas. Os EUA, como maior exportador mundial de armas, fortaleceram a colaboração em defesa com a Índia, incluindo o programa INDUS-X, iniciado em 2023. Embora o superávit comercial da Índia possa enfrentar pressão, a CRISIL identifica potencial de crescimento em indústrias de mão de obra intensiva, como têxteis, pedras preciosas e joias, além de setores de alto valor agregado, como smartphones e produtos farmacêuticos. As negociações do BTA abrangem diversos setores, sendo consideradas por ambas as nações um passo crucial para o fortalecimento da parceria econômica. Na agricultura, as importações de itens dos EUA, como nozes, pistaches e cranberries, podem aumentar, embora a resistência da Índia ao amplo acesso agrícola permaneça. O primeiro-ministro Narendra Modi e Trump chegaram a um acordo em fevereiro para finalizar a fase inicial de um acordo comercial bilateral até o outono de 2025, com planos de aumentar o comércio para US$ 500 bilhões até 2030, ante aproximadamente £ 191 bilhões em 2024. A Índia continua a avançar nas negociações com a União Europeia para um acordo de livre comércio ainda este ano e concluiu recentemente as discussões para um ALC com o Reino Unido. Essas iniciativas visam diversificar as parcerias comerciais em antecipação a possíveis mudanças na política americana sob o governo Trump. "A bola agora está na quadra dos EUA. A Índia não está a favor de nenhuma parceria comercial em que todos saiam ganhando", afirmou Ram Singh, que lidera o Instituto Indiano de Comércio Exterior, uma organização de pesquisa apoiada pelo governo. Dados mostram que as exportações da Índia para os EUA aumentaram para US$ 17,25 bilhões entre abril e maio, em comparação com US$ 14,17 bilhões no ano anterior, indicando que os aumentos tarifários dos EUA, em média de 10%, no início de abril, tiveram efeito mínimo.