David Corenswet e o diretor James Gunn falam sobre um Superman mais "pé no chão"

Ele nasceu no planeta Krypton. Mas o Homem de Aço ganha vida na Califórnia, dentro de uma sala de edição em Burbank. É lá que James Gunn analisa uma cena do que a Warner Brothers espera ser um sucesso de bilheteria no verão: "Superman". Com um orçamento estimado em pelo menos US$ 225 milhões, o filme chega aos cinemas em 11 de julho.
É o primeiro longa-metragem da DC Studios, uma divisão da Warner Brothers. Gunn não é apenas o diretor do filme; ele escreveu o roteiro e é o CEO da DC.
"Estou satisfeito com o filme", disse ele. "E estou animado com isso. E acho que fizemos algo diferente."

Entre essas diferenças: "Meu Superman não é indestrutível", disse Gunn. "Nós o vemos sangrar imediatamente. Às vezes, eu pensava: 'Ele é forte demais'. Você não quer que ele seja capaz de partir um planeta ao meio com um soco ou, aliás, dar a volta em um planeta um bilhão de vezes e fazer o tempo voltar, sabe? Eu queria um Superman um pouco mais pé no chão."
E poucas coisas são mais pé no chão do que um cachorro. "O cachorro é a razão de ser — [foi] o começo do filme para mim, mil por cento", disse Gunn. "Adotei um cachorro. O nome dele é Ozu. E ele não queria ser tocado, nunca tinha conhecido seres humanos. Ele mastigou todos os nossos móveis. Ele estava, sabe, perseguindo o gato, sendo simplesmente o pior cachorro que se possa imaginar. E eu pensei: 'Uau. E se esse cachorro horrível tivesse superpoderes? Eu estaria ferrado!'"

O primeiro longa-metragem do Superman foi lançado em 1951, com George Reeves, que mais tarde interpretou o papel na TV. Neste século, o Superman foi interpretado por Brandon Routh e Henry Cavill. Mas, nos últimos 75 anos, apenas um Superman do cinema conquistou completamente a imaginação do público: Christopher Reeve.
Formado em teatro, Reeve se formou na Juilliard School, em Nova York – assim como o novo Superman, David Corenswet. Ele tem 31 anos – sete anos a mais do que Reeve quando estreou em 1978. "Não acho que haja qualquer maneira ou razão para tentar igualar Christopher Reeve", disse Corenswet. "Só me sinto grato por poder interpretar o personagem que ele incorporou e transmitiu à consciência pública de uma forma tão positiva e forte."
Conhecemos Corenswet no Teatro Arden, na Filadélfia. É a cidade natal de Corenswet, onde ele ainda mora, e foi no Arden que ele conseguiu seu primeiro show pago, aos nove anos de idade: "All My Sons", de Arthur Miller.
Assim como seu Superman, Corenswet é imediatamente desarmante, além de vulnerável, como em uma cena com a namorada do Superman, a repórter Lois Lane (interpretada por Rachel Brosnahan).

"Ele é definitivamente diferente de todos os outros na Terra", disse Corenswet. "Ele não é humano. É um alienígena e tem poderes que ninguém mais tem. E, ao mesmo tempo, ele quer desesperadamente fazer parte da humanidade. Então, em última análise, o desafio dramático do Superman como personagem é que ele é solitário e não quer ser."
Ele também tem senso de humor em relação aos shorts vermelhos. "Sem o calção, o uniforme pode parecer muito militar", disse Corenswet. "Então ele veste a cueca vermelha, a) para que todos possam vê-lo, contra o céu azul, dá para ver o calção vermelho, b) para que todos saibam que ele não se leva muito a sério. Ele não está tentando parecer descolado."
"Agora, isso não diminui de forma alguma o quão durão e maneiro ele é quando está no céu lutando contra os bandidos. Mas, quando pousa, ele quer ser aquele de quem as pessoas podem rir ou zombar, porque ele aguenta."
O Superman salva o mundo há quase nove décadas. Criado por Jerry Siegel e desenhado por Joe Shuster, ele apareceu pela primeira vez em uma história em quadrinhos em 1938.
Questionado se o Superman representa o personagem mais emblemático do cinema americano, o crítico e cineasta Elvis Mitchell disse: "Acho que ele é maior do que isso. O Homem-Aranha é torturado. Sabe, ele precisa sustentar a si mesmo e à tia, e é responsável pela morte do tio. E o Batman é responsável pela morte de todos em seu campo de visão. Todos sofrem."
Mas o Superman se destaca, e há um orgulho de autoria, literalmente, no personagem. Porque ele está criando sua própria narrativa como seu alter ego. As pessoas querem ver isso. Elas querem acreditar que você pode criar sua própria narrativa de uma forma benevolente, mesmo tendo todo o poder do mundo. É errado da sua parte se afastar de pessoas que precisam da sua ajuda.
Questionado sobre o que gostaria que o público ao redor do mundo aprendesse com seu Superman, Gunn disse: "Acho que, culturalmente, é preciso dar um pouco mais de importância a ser um bom ser humano. Acho que estamos cercados por muita maldade. Acho que o Superman está cercado por muita maldade no filme. Mas ele se posiciona contra essa corrente. E é isso que o torna rebelde."
"E de certa forma, acho que hoje, no mundo de hoje, o Superman é o personagem mais ousado e rebelde porque é ele quem defende valores que a maioria das pessoas não defende", disse ele.
Corenswet está abraçando o desafio, plenamente ciente de que o sucesso pode significar que o Superman definirá sua carreira. Ele disse: "Quando você assume um papel que será tão visível e icônico, mesmo que seja visualmente icônico, e é o seu rosto e a roupa íntima, sim, eu queria estar preparado para a possibilidade de que isso não levasse a um monte de outras coisas, que isso seria o certo."
"E eu me senti muito sortuda porque, quando me fiz essa pergunta, a resposta veio: alguém tem que interpretar esse papel, e se você for a pessoa certa para interpretá-lo e abrir mão de tudo para fazê-lo, valerá a pena."
ENTREVISTA ESTENDIDA: David Corenswet sobre se tornar Superman (Vídeo)
Para assistir ao trailer de "Superman", clique no player de vídeo abaixo:
Para mais informações:
História produzida por Gabriel Falcon. Editor: Jason Schmidt.
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