Se Trump realmente fosse um informante de Epstein, o que ele fez para permanecer disfarçado?

Há dias em que estou convencido de que os pés do Presidente Moses não tocaram o fundo da piscina desde que ele conseguiu o emprego. E, continuando com as metáforas natatórias, também há dias em que acho que ele salta do trampolim sem verificar se alguém encheu a piscina. Recentemente, ele conseguiu ilustrar ambos os fenômenos vividamente.

Na tentativa de proteger o presidente de qualquer coisa, Johnson sugeriu a ideia de que o presidente estaria trabalhando como informante do FBI, disfarçado, para expor o império criminoso de Jeffrey Epstein. Havia vários problemas com essa teoria. Primeiro, o presidente já havia considerado todo o assunto uma "farsa democrata". Por que o FBI precisaria de um informante para investigar uma farsa? Outro problema era um pouco mais provinciano.

Nós, em Boston, estávamos com as antenas a mil. Já tínhamos passado por isso antes. Como é sabido, o FBI local decidiu "enviar" o chefe da máfia Whitey Bulger como informante para derrubar a máfia italiana local. Em troca, o FBI permitiu que Bulger continuasse a exercer suas atividades habituais de extorsão e de assassino em série.

Essa troca corrupta levou agentes do FBI a encobrir uma série de crimes graves, bem como à prisão de vários homens inocentes em conexão com esses crimes. O FBI também facilitou a selvageria de Bulger ao bloquear investigações da polícia local e, por fim, seu desaparecimento e seus 16 anos de fuga. Sabendo que o FBI permitiu que um informante vital cometesse assassinatos e violência doméstica para manter seu disfarce, os mais cínicos entre nós se perguntavam o que um informante do FBI inserido — bela palavra — em um sistema dedicado ao tráfico sexual de crianças teria permissão para fazer para manter o seu. De qualquer forma, na segunda-feira, Johnson estava recuando desse conto de fadas o mais rápido que seus pés sagrados o levavam.

Na semana passada, Johnson disse a repórteres no Capitólio que Trump se importa profundamente com os crimes cometidos por Epstein e afirmou que Trump "era um informante do FBI para tentar derrubar essas acusações". No domingo, seu gabinete divulgou um comunicado modificando essa alegação. "O Presidente da Câmara reitera o que o advogado das vítimas disse, ou seja, que Donald Trump — que expulsou Epstein de Mar-a-Lago — foi o único, há mais de uma década, disposto a ajudar os promotores a expor Epstein como um predador de crianças repugnante", dizia o comunicado do gabinete de Johnson.

Estou começando a acreditar que os republicanos não têm ideia de como lidar com tudo isso.