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Casa e Viagem: Por que você não pode apreciar uma sem a outra

Casa e Viagem: Por que você não pode apreciar uma sem a outra

Eu costumava achar que "lar" era um palavrão. Lá fora — na estrada — era onde a vida acontecia, cheia de aventuras emocionantes, pessoas fascinantes e possibilidades infinitas. Nada de deslocamentos monótonos, pausas de 30 minutos para o almoço, reuniões tediosas ou listas intermináveis ​​de tarefas espremidas em um fim de semana corrido.

Por que alguém iria querer estar em casa, o lugar onde a rotina parecia minar a vontade de existir? Isso me deixava perplexo.

Minha primeira viagem ao exterior — férias na Costa Rica — me fez apaixonar por viajar. Por todos os motivos mencionados acima, percebi por que as "férias" eram tão romantizadas na cultura corporativa. Havia uma liberdade nelas que contrastava fortemente com a rotina corporativa diária.

Então, quando finalmente larguei meu emprego , parti em uma aventura para experimentar tudo o que o mundo tinha a oferecer, pelo maior tempo possível, enquanto eu pudesse fazer meu dinheiro durar.

Quer dizer, quem poderia se cansar da vida na estrada ?

Bem, eu.

Com o tempo, cansei de ser um nômade em tempo integral. Eu ansiava por um grupo estável de amigos, exercícios regulares, um bar que soubesse meu nome, uma cozinha para cozinhar e minha própria cama.

De repente, percebi que "lar" não era um palavrão. Era apenas a sensação para uma alma jovem e inquieta, para quem a vida adulta parecia distante.

Eu tinha entendido o que alguém que está começando com ideias românticas sobre viagens não consegue entender: você pode se esgotar. Na minha primeira viagem ao exterior, depois de 18 meses, dei de cara com um muro e decidi encurtar a viagem. Anos depois, em 2013, decidi que ser nômade não era mais para mim e decidi parar de viajar em tempo integral.

Era hora de crescer, eu disse. Hora de ficar onde estava e deixar de ser nômade para... o que quer que viesse a seguir.

Mas o fascínio da estrada — e o negócio de trabalhar com viagens — me faziam recuar constantemente.

Com o passar dos anos, vivi entre dois mundos: um em que estou viajando, com saudades de casa, e outro em que estou em casa, com saudades de sair de novo.

Houve momentos em que desejei um clone para poder viver em ambos e satisfazer meus desejos duplos.

Afinal, você não pode — e não deve — viver sozinho em uma para sempre.

Porque viajar e voltar para casa são forças complementares, yin e yang. Sem um, você não consegue apreciar o outro.

Todos os viajantes chegam a um impasse, aquele momento em que olham ao redor e dizem: "Estou pronto para ficar em um lugar". Quando e por que isso acontece é produto de muitos fatores, mas ainda não conheci um viajante que não tenha essa experiência. Quando comecei a viajar, aos vinte e poucos anos, levei anos para sentir isso. Mas agora, algumas décadas mais velho, isso acontece depois de apenas um mês.

Para lidar com a vida, o cérebro cria atalhos mentais para ajudá-lo a processar informações. É por isso que tendemos a dirigir o mesmo caminho para o trabalho todos os dias — é mais fácil, e é por isso que você sente que "dá para fazer isso dormindo". Porque se o seu cérebro tivesse que descobrir um novo caminho para o trabalho todos os dias, ele se cansaria. Essas rotinas nos permitem colocar boa parte da vida no piloto automático, então temos energia para o trabalho, para as pessoas, para as emoções, para os pensamentos, etc.

Mas quando você viaja, você está reaprendendo habilidades para a vida todos os dias. Você não tem atalhos mentais. É preciso muita energia mental para se refazer no mundo a cada dia, para refazer a mala, dizer adeus à pessoa que conheceu ontem e partir e tentar navegar novamente por terras, línguas e pessoas desconhecidas como se nunca tivesse feito isso antes.

Isso cansa você.

Enquanto férias são uma pausa temporária da vida, viagens de longa duração são diferentes. Quando você viaja por um longo período (ou viaja com frequência), não há pausa. Você está constantemente tentando descobrir as coisas e também constantemente quebrando sua rotina. Sua bateria de viagem se esgota.

Mas da mesma forma que a bateria de viagem precisa ser recarregada, a nossa bateria “doméstica” também precisa.

Embora algumas pessoas consigam seguir a mesma rotina a vida toda, a maioria de nós não consegue. Achamos isso chato. Precisamos de uma pausa. Depois de um tempo no mesmo lugar, ansiamos por quebrar a monotonia da nossa rotina diária. Trabalho, deslocamentos, tarefas... dia após dia, como formigas marchando sem parar.

Então, viajamos novamente. Vivemos uma aventura, conhecemos novas pessoas, experimentamos comidas novas e temos novas experiências. Talvez aprendamos, cresçamos e expandamos quem somos como pessoa. Talvez fiquemos fora por uma ou duas semanas ou tiremos um mês de folga. Ou comecemos a trabalhar remotamente e passemos meses fora. Mas, eventualmente, nossa bateria se esgota: ficamos cansados ​​e então voltamos para casa.

E o ciclo se repete.

Envelhecer me fez acreditar que nunca podemos apreciar plenamente o lar ou as viagens sem o outro. Meus primeiros anos na estrada nunca teriam sido tão incríveis se eu não estivesse tentando me libertar de um quarto de século de rotina. Da mesma forma, minha cama nunca teria sido tão boa se eu não tivesse passado tantos anos em movimento, trocando de quarto e tendo um sono irregular. Nem teria desfrutado do alívio que a rotina traz se não tivesse passado tantos dias tentando lidar com o estresse do mundo por tanto tempo.

A alegria de um é amplificada pelo outro.

Viajar e viver são dois lados da mesma moeda. Valorizo ​​cada um mais agora do que quando era mais jovem, porque consigo vivenciar ambos nos meus próprios termos. Não estou mais tentando fugir de nenhum dos dois ou ir a extremos. Simplesmente sigo seus fluxos e refluxos e deixo a bateria da vida ditar quando um ou outro acontece.

E acho que essa é uma sabedoria que só vem com a idade — e a experiência.

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nomadicmatt

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