Início decepcionante de Lionel Messi no Mundial de Clubes: ator coadjuvante em seu próprio palco

Miami. O Mundial de Clubes tinha pouco mais de meia hora quando o grito que acompanhou talvez o maior jogador de futebol da história por quase duas décadas ecoou pelo Hard Rock Stadium, em North Miami: "Meeeeeeeesssi! Meeeeeeeesssi! Meeeeeeeesssi!", rugiram os torcedores do Inter Miami.
No entanto, eles não se animaram para reconhecer o destinatário de um drible certeiro, um passe magnífico ou mesmo um gol. Lionel Messi, o jogador com mais jogos pelo mundo, atual campeão mundial e prestes a completar 38 anos, precisava de incentivo. Ele havia se desviado de dois zagueiros do Al-Ahly em uma disputa fora da área e se esparramado no gramado como um atleta amador.
A cena não teve qualquer influência no resultado da partida de abertura do Mundial de Clubes. Mas ilustrou a história da noite: Lionel Messi, veterano de dois anos da Inter Miami, ainda é venerado pelos seus fãs como o líder de uma religião. Ele está prestes a se tornar o rosto do Mundial de Clubes, esta nova competição multibilionária criada pelo presidente da FIFA, Gianni Infantino.
Mas na partida contra o Al-Ahly, que terminou em 0 a 0, Messi ficou aquém das expectativas. Ele não conseguiu deixar sua marca no evento e foi apenas um coadjuvante em seu próprio palco.
Olhando ao redor das arquibancadas do Hard Rock Stadium, onde o Miami Dolphins costuma jogar suas partidas da NFL, alguém poderia imaginar que a camisa rosa do Inter Miami só seria vendida com "10 – Messi" impresso nas costas. Os nomes dos outros jogadores eram praticamente ilegíveis.
Também em exposição: muitas camisas da Argentina com estampas de Messi e também algumas camisas de Messi de sua época no FC Barcelona, onde ele se tornou uma estrela global sob o comando do técnico Pep Guardiola.

Um jovem torcedor segura uma camisa do Messi.
Fonte: IMAGO/Imagn Images
Sua fama fez de Messi a atração principal do Inter Miami e a principal campanha publicitária do futebol americano nos últimos estágios de sua carreira. E Messi ainda tem a capacidade de dar choques elétricos na torcida, mesmo nos últimos estágios de sua carreira.
Quando ele pegou a bola contra o Al-Ahly, a torcida se levantou, pegou o celular e se preparou para algo grandioso. Mas Messi só tinha pequenos detalhes a oferecer. Com alguns dribles, ele ficou preso na defesa adversária, um chute foi bloqueado e, em uma situação, ajudou na lateral direita. Ele foi superado.
Mesmo assim, Messi quase assumiu o papel que lhe era destinado no Mundial de Clubes: o de herói. Pouco mais de uma hora depois, ele cobrou uma falta rasteira, passando pela barreira, e a bola caiu na lateral da rede. Muitos espectadores já haviam se levantado para comemorar. Nos acréscimos, um cruzamento de Messi se transformou em um chute de Messi — o goleiro do Al-Ahly, Mohamed El Shenawy, desviou a bola para o travessão.
No auge de sua força, Messi teria sido eliminado como artilheiro de dois gols. Mas seu auge já passou. É por isso que ele está jogando em Miami ao lado de antigos companheiros do Barcelona: Jordi Alba (que não jogou contra o Al-Ahly), Sergio Busquets e Luis Suárez.

A estrela entra em campo: Lionel Messi antes da partida.
Fonte: IMAGO/Xinhua
A partida de abertura do Mundial de Clubes demonstrou de forma tranquilizadora que o futebol — apesar de todo o culto aos jogadores individuais — é um esporte coletivo. Sob o lema "Sem Reis", pessoas em muitas partes dos EUA protestaram contra o presidente Donald Trump no dia do jogo. A partida em Miami também não teve rei.
Não foi um jogo brilhante em termos de futebol, mas, apesar da atuação abaixo do esperado de Messi, proporcionou um bom entretenimento, com chances para ambos os lados. A melhor foi do goleiro do Miami, Óscar Ustari, que defendeu um pênalti cobrado por Trezeguet pouco antes do intervalo.
A atmosfera também era fantástica no estádio lotado – devido à fraca venda antecipada, a FIFA praticamente doou muitos ingressos recentemente. A atmosfera se devia em grande parte à torcida do Al-Ahly. Eles representavam cerca de metade do público nas arquibancadas e não tinham vindo para assistir a uma festa de gala do Messi, mas cantaram seus louvores quase sem parar. Muitos deles, aliás, em pé. A torcida da casa preferiu assistir ao evento sentada.
Após o jogo, em um ambiente ainda extremamente quente, a torcida do Al-Ahly continuou comemorando do lado de fora do estádio. Torcedores de Miami filmaram a cena com seus celulares. No final da noite, que não era a noite de Lionel Messi, até mesmo os torcedores que vestiam a camisa do Messi se viram no papel de admiradores.
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