Nenhuma notícia de terror nos pilares da publicidade: não quero ser constantemente confrontado com o sofrimento do mundo

Guerras, fascismo, desastres naturais: por que somos confrontados com notícias terríveis em cada esquina em espaços públicos? E como podemos nos proteger?
Parece um jogo de computador, estranhamente estetizado, em close-up e câmera lenta: enquanto espero o metrô, observo um bombardeiro furtivo lançar seus explosivos. Um pouco mais tarde, no trem, leio que uma garota de 19 anos esfaqueou um garoto de 15.
E enquanto pedalo pelo Alsterpark depois do trabalho, sob um lindo clima de verão, sou bombardeado com mais manchetes. Entre majestosas faias cor de cobre, uma coluna de publicidade digital diz: "Rússia entrega 1.200 corpos à Ucrânia". Estou enjoado.
Um fluxo interminável de notíciasComeça de manhã, logo após acordar: Gaza, Ucrânia, Sudão, a normalização da ideologia fascista, desastres naturais, crimes, acidentes – uma história de terror se sucede na tela do smartphone. Lá, pelo menos, eu controlo a dose. Mas será que também precisamos ser bombardeados por notícias em espaços públicos, onde não temos como escapar?
A grande maioria de nós tem a sorte de não ser afetada por guerras, despotismo ou fome, e de poder decidir por si mesma quando enfrentar o severo sofrimento humano. Em teoria. Na prática, porém, as coisas são diferentes, já que telas publicitárias e outdoors digitais nas cidades nos trouxeram à atenção as monstruosidades do mundo. Esse confronto incontrolável não é bom para mim e também não ajuda os afetados. Ou como a mãe de um soldado morto se sentiria ao saber que seu destino está estampado em letras garrafais em um shopping?
E as crianças que leem essas notícias? Uma colega foi recentemente questionada por sua filha de seis anos no metrô, enquanto assistia ao noticiário: "Mãe, o que é guerra?". Confrontada com o assunto tão abruptamente, ela ficou sem palavras e explicou, de uma forma nada infantil, que pessoas estão morrendo. A criança ficou bastante perturbada.
Por que vemos essas notícias?Por que vemos essas mensagens e quem se beneficia delas? Uma ligação para a empresa Ströer, que exibe a maior parte da publicidade externa, esclarece: "Os contratos com as cidades e parceiros municipais estipulam que as telas exibirão não apenas publicidade, mas também conteúdo, como notícias e previsão do tempo", diz Marc Sausen, chefe de Comunicação Corporativa. Os próprios editores de notícias, por exemplo, T-Online ou Tagesschau, decidem quais notícias serão selecionadas.

Com minha crítica à enxurrada de notícias, não me refiro à abordagem cínica do tipo "por favor, morra em silêncio, não quero ter nada a ver com a sua miséria". No entanto, pergunto à psicóloga social Pia Lamberty como podemos encontrar uma maneira saudável de lidar com notícias perturbadoras ou avassaladoras. Seu conselho: em vez de nos confrontarmos com notícias ruins o dia todo (palavra-chave: "doomscrolling"), é melhor "ouvir rádio, assistir ao noticiário das 20h na TV ou ler o jornal" – e, em momentos agudos de desespero em relação ao mundo, "dar um passo para trás, acalmar-se e avaliar as coisas com certa distância".
No entanto, é improvável que essa estratégia funcione enquanto nos for negada a oportunidade de autodeterminar a dose de más notícias. O psicólogo Jürgen Margraf também reconhece, em entrevista à Spiegel, que estamos sob esse "bombardeio", explicando: "Se você tem constantemente a impressão de que não está no controle da situação, tem dificuldade em lidar com o estresse e adoece física e mentalmente mais rapidamente."
Então, como podemos nos proteger? Lamberty e Margraf concordam: agir é fundamentalmente útil contra a sensação de perda de controle e impotência — seja voluntário, participe de manifestações, faça doações. Margraf também diz: "Ser corajoso não significa não ter medo, mas sim enfrentá-lo e lidar com ele."
O que também ajudaria: limitar o conteúdo da publicidade de rua a dicas culturais e notícias positivas, que já recebem pouca atenção – por exemplo, sobre solidariedade humana, progresso na proteção climática ou pesquisa sobre o câncer. Ou aboli-la completamente. Principalmente porque um único monitor grande de publicidade consome "quase tanta eletricidade quanto 30 residências unifamiliares" por ano, como sabe o ativista Martin Weise, da popular iniciativa "Hamburgo sem anúncios". Isso também daria material para esta notícia encorajadora: "A cidade de Hamburgo economizou uma quantidade enorme de eletricidade no ano passado."
Brigitte
brigitte