Espanha boicotará o Eurovision se Israel participar, diz TV pública

Enquanto outras nações europeias ameaçaram se retirar da competição, a Espanha é a primeira das chamadas "cinco grandes" nações que fornecem mais financiamento para o evento a fazê-lo.

A União Europeia de Radiodifusão (EBU), organizadora do Eurovision, deve decidir se Israel participará da edição de 2026 em sua assembleia geral em dezembro.

Se os membros da EBU decidirem manter a emissora pública israelense KAN como participante, "a RTVE terá que cumprir a ameaça de se retirar do concurso pela primeira vez na história", disse a emissora espanhola em um comunicado.

A decisão foi tomada um dia depois de o ministro da Cultura espanhol, Ernest Urtasun, dizer que a Espanha deveria boicotar o evento se Israel participasse devido à sua devastadora ofensiva militar em Gaza.

O primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez disse em maio, após a última edição do Eurovision, que Israel deveria ser excluído por causa de sua campanha militar em Gaza, assim como a Rússia foi deixada de fora desde a invasão da Ucrânia em 2022.

"O que não podemos permitir é padrões duplos na cultura", disse ele na época.

Sánchez pediu na segunda-feira que Israel fosse banido do esporte internacional por causa da guerra em Gaza, depois que manifestantes pró-palestinos em Madri forçaram o abandono de uma das maiores corridas de ciclismo, a Vuelta a España, no fim de semana.

Manifestantes denunciaram a participação da equipe Israel-Premier Tech em uma das três principais corridas do calendário internacional de ciclismo.

O Eurovision é o maior evento musical televisionado ao vivo do mundo. A edição deste ano, em Basileia, atraiu 166 milhões de espectadores em 37 países.

O cantor austríaco JJ venceu a competição, garantindo a Viena o direito de sediar a edição de 2026.

Irlanda, Eslovênia, Islândia e Holanda também ameaçaram não participar do evento do ano que vem se Israel participar.

Cinco países — Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Espanha — que fazem as maiores contribuições financeiras para a EBU obtêm uma qualificação automática para a final do Eurovision.

A EBU disse em julho que estava iniciando uma consulta com todos os membros da organização sobre a questão da participação de Israel.

Ele disse que discutiria "como gerenciamos a participação, as tensões geopolíticas e como outras organizações abordaram desafios semelhantes".

Ativistas pró-palestinos protestaram em Malmo, Suécia, em 2024, e em Basileia, Suíça, em maio, contra a participação de Israel no concurso.