O Estado Islâmico usou IA para propaganda após matar turistas espanhóis.

A "Avaliação do Terrorismo 2024 na Espanha", do Centro Memorial para Vítimas do Terrorismo, se concentrou no uso de Inteligência Artificial (IA) pelo Estado Islâmico (Daesh) em sua "intensa campanha de propaganda" após o ataque de Bamiyan (Afeganistão), no qual quatro turistas espanhóis morreram.
"A disseminação de conteúdo jihadista traduzido para o espanhol é uma prática comum, quase normalizada, do Daesh. Este grupo possui diversas estruturas dedicadas a essa atividade, sendo a mais comum a chamada Voz de Al-Andalus, que costuma traduzir e disseminar declarações sobre atividades jihadistas para o espanhol", explicam os analistas do Memorial Center em seu relatório de 2024.
O Centro Memorial para Vítimas do Terrorismo está se concentrando no ataque ocorrido no centro do Afeganistão em maio de 2024, que deixou um cidadão espanhol morto. "O grupo jihadista emitiu comunicados, publicou revistas, produziu vários vídeos, infográficos e um podcast sobre o ataque", lembram, enfatizando que os terroristas queriam "questionar a capacidade do governo Talibã de garantir a segurança em seu próprio território".
Neste ponto, eles destacam que o braço centro-asiático do Daesh, o Estado Islâmico de Khorasan (ISKP), "usou inteligência artificial (IA) pela primeira vez para recriar um suposto programa de notícias de televisão — em pashto — dedicado a ações terroristas" dirigido contra turistas da Espanha, Lituânia, Austrália e Noruega, com quatro espanhóis e três afegãos morrendo quando foram metralhados em um mercado na cidade de Bamiyan.
"O ataque segue as diretrizes da liderança do Estado Islâmico de atingir cidadãos dos países da coalizão, onde quer que estejam", alertou a filial do Estado Islâmico em um comunicado divulgado dois dias depois nos canais do Telegram.
Pouco depois, a Al Battar Media Foundation, uma entidade considerada um veículo de comunicação não oficial do Daesh que distribui clipes de áudio e vídeo no Blogspot, divulgou um primeiro vídeo, de quase dois minutos de duração, sobre o ataque aos turistas internacionais. Seguiu-se propaganda na revista semanal An-Nabaa ameaçando os interesses da "coalizão cruzada envolvida na luta contra o Estado Islâmico".
A Al Azaim Media Foundation, considerada pela União Europeia o braço de mídia do ISKP, produziu um vídeo de meia hora sobre o ataque que também incluía apelos para que possíveis atores solitários realizassem ataques em países ocidentais.
Ameaças contra a PolíciaNesse sentido, o Centro Memorial das Vítimas se concentra no uso do espanhol. "Algumas ameaças feitas contra a Espanha no ano passado foram disseminadas especificamente em espanhol, como uma campanha lançada em junho por um simpatizante do Daesh que compartilhou a fotografia de um cartaz do Daesh afixado na porta de uma casa que supostamente pertencia a um policial nacional."
"Incluiu um apelo para postar cartazes e tirar esse tipo de foto em locais públicos, em veículos, incluindo carros de polícia, para serem compartilhados nas redes sociais mais tarde", lembraram.
O Centro Memorial destaca a "Operação Almuasasa", realizada na Espanha em junho de 2024, que evidenciou o foco do Daesh em propaganda. Durante a operação , foi desmantelada uma célula composta por sete pessoas acusadas de traduzir para o espanhol conteúdo produzido pelo Estado Islâmico para posterior divulgação por um dos veículos de comunicação do grupo terrorista.
A operação também permitiu a invasão dos servidores que hospedavam a propaganda, tendo como alvo uma célula ligada à Fundação ÍLam, criada há quatro anos para traduzir mensagens e divulgá-las no maior número possível de idiomas.
eleconomista