Campeã olímpica costarriquenha denunciou abuso psicológico, físico e sexual por parte de seu treinador.

A nadadora Claudia Poll é a atleta olímpica mais importante da história da Costa Rica. Ela conquistou a única medalha de ouro do seu país, nos 200 metros livre, nos Jogos de Atlanta de 1996.
Uma pesquisa voltou às manchetes nesta segunda-feira quando, junto com dois ex-nadadores deste país, eles relataram que sofreram abusos psicológicos, físicos e sexuais do renomado treinador local Francisco Rivas.
A acusação de Claudia Poll contra seu treinador "Sofri todas as agressões (psicológicas) possíveis" de Rivas, declarou Poll, enquanto a ex-jogadora da seleção Marcela Cuesta alegou que foi abusada sexualmente pelo treinador quando era menor de idade.

Foto da pesquisa Claudia : La Nación (Costa Rica-GDA)
Os ex-nadadores registraram a denúncia no programa "Interferência", de jornalismo investigativo da rádio Universidade da Costa Rica.
Rivas "estava sempre mexendo nos meus pertences pessoais, roubava meus celulares (...). Quando ainda tinha oportunidade, pagava para gravar minhas conversas (...), revirava meu lixo", disse Poll, que também conquistou duas medalhas de bronze em Sydney 2000.
"Certa vez, ele tirou preservativos usados do meu lixo, fez uma fotocópia deles, me mostrou e exigiu que eu dissesse a quem eles pertenciam", acrescentou o ex-atleta de 52 anos.

Claudia Poll, quando ganhou o ouro em Atlanta 96 Foto: retirada da TV
Marcela Cuesta, que abandonou as competições aos 16 anos, disse: "Quando eu era bem jovem, ele tentou me tocar (nas minhas partes íntimas) de uma forma ou de outra, e eu o rejeitei imediatamente."
"Ele nunca mais fez isso. Ele teve o cuidado de não fazer isso de novo", acrescentou o ex-atleta de 53 anos, vencedor de três medalhas pan-americanas nos Jogos de Indianápolis de 1987.
"Lembro-me de quando Francisco me dizia: você é brilhante, você é maravilhoso, você tem um talento incrível, mas Deus te fez estúpido, você é burro", acrescentou.
Cuesta afirmou que há alguns meses relatou o ocorrido à Federação Costarriquenha de Esportes Aquáticos, mas a organização respondeu que os incidentes estavam "prescritos".
O ex-nadador Manuel Rojas também alegou ter sofrido "abuso físico e psicológico" por parte do treinador. Em certa ocasião, o treinador decidiu lhe fazer massagens, disse Rojas, mesmo a federação contando com um fisioterapeuta.
"Não foi uma massagem, foram pancadas (...). Senti o punho nas pernas, os cotovelos nas costas, mas não foi terapia, foram ferimentos", disse ele.
A resposta do treinador às acusações de Claudia Poll O técnico de 75 anos ainda está na ativa. Ele atua como técnico há cinco décadas, já comandou seis equipes olímpicas e é descrito pela Galeria Esportiva da Costa Rica como "o técnico de natação mais bem-sucedido da América Latina".

Francisco Rivas, o treinador acusado por Claudia Poll. Foto: La Nación (Costa Rica-GDA)
Rivas respondeu às acusações dos três atletas em entrevista ao jornal costarriquenho La Nación.
“Eu nunca cheguei a esse extremo. Minha atitude nunca foi recomendar refrigerantes ou junk food, nunca como uma imposição. Não era minha intenção interferir na vida privada das pessoas. Isso é falso”, disse ele sobre o caso de Poll.
Sobre Cuesta e sua acusação de abuso sexual, Cuesta respondeu: "Quanto a qualquer tipo de agressão, eu digo categoricamente que não. A Sra. Cuesta nadou por muito pouco tempo; parei de vê-la há 37 anos."
Sobre Rojas, o treinador respondeu: “Ela parou de nadar comigo, voltou por volta de 2015 ou 2016, e não só veio nadar com os masters, como também trouxe as duas filhas, que tinham entre 11 e 12 anos, para nadar comigo”.
Mais notícias esportivaseltiempo