Direito da Concorrência: Fedesarrollo explica como alcançá-lo sem criar uma crise fiscal.


Regiões da economia e Colômbia.
Imagem gerada com Inteligência Artificial - ChatGPT
A reforma do Sistema de Participação Geral (SGP), aprovada pela Lei Legislativa 03 de 2024, promete fortalecer a descentralização na Colômbia. Embora, no papel, seja uma medida histórica que visa aumentar a participação das entidades territoriais na receita corrente do país dos atuais 25% para 39,5% em 2038, o aumento das transferências representa um dilema fiscal fundamental.
Uma análise recente da Fedesarrollo argumenta que se esses recursos não forem alocados de acordo com critérios técnicos e se não forem acompanhados de uma Lei de Concorrência estruturada e realista, o país poderá enfrentar um novo ciclo de deterioração das finanças públicas que, em vez de gerar desenvolvimento, poderá se traduzir em instabilidade para as regiões.
Leia também: A OCDE reduziu a projeção de crescimento da Colômbia para 2025 de 2,7% para 2,5%.
Luis Fernando Mejía, diretor executivo deste centro, afirmou que a implementação do novo esquema do PEC, embora positiva em termos de autonomia regional, deve evitar se tornar um fardo estrutural para o orçamento nacional, já que "sem um desenho rigoroso, o aumento das transferências poderia se traduzir em um déficit fiscal de 5,2% do PIB em 2038 e uma dívida que chegaria a 66,9% do PIB".
A ameaça por trás do aumentoExplicando melhor sua perspectiva, Mejía observou que, no quadro atual, o PIB representa mais de 17% dos gastos do governo central e que, segundo as regras atuais, essas transferências deveriam crescer gradualmente, atingindo 28,8% das receitas correntes até 2038. No entanto, o novo Ato Legislativo eleva essa meta para 39,5%, o que implica um aumento de mais de 10 pontos percentuais sem uma fonte explícita de financiamento. "Se esse aumento se traduzir diretamente em novos gastos, o déficit fiscal, que já era de 6,8% do PIB em 2024, poderá aumentar e permanecer persistentemente alto. Por sua vez, isso geraria um aumento sustentado da dívida pública, que ultrapassaria a âncora fiscal de 55% do PIB e se aproximaria perigosamente do limite de 71% contemplado pela Lei de Regras Fiscais", afirma o relatório.

Regiões da economia e Colômbia.
Imagem gerada com Inteligência Artificial - ChatGPT
Assim, ele deixou claro que "isso não afetaria apenas a sustentabilidade macroeconômica, mas também enfraqueceria a confiança dos investidores e elevaria os custos de financiamento do país". Ele observou que as mudanças a serem implementadas devem ser cuidadosamente revisadas para que sejam implantadas nos territórios sem esvaziar os cofres públicos.
Um dos argumentos que a análise de Fedesarrollo refuta é que transferências maiores não garantem melhores serviços. Eles enfatizam que, para setores como a educação, a eficiência no uso de recursos é de apenas 79% em cobertura e 86% em qualidade. Em outras palavras, os mesmos resultados poderiam ser alcançados com menos dinheiro se ele fosse usado de forma mais eficaz.
Mais informações: Reforma da Previdência atinge 80% de conclusão, um mês após sua implementação
Soma-se a isso um fenômeno preocupante: as entidades territoriais que recebem mais recursos nem sempre apresentam melhorias significativas em seus indicadores de bem-estar. As lacunas regionais, especialmente em saúde, água potável e qualidade da educação, persistem, apesar de décadas de transferências direcionadas.
Embora os critérios de alocação tenham permitido concentrar os recursos do Programa de Desenvolvimento Sustentável (PSE) nas entidades territoriais que mais precisam deles, eles não foram suficientes para fechar as lacunas regionais. As alocações setoriais são determinadas como porcentagens fixas do total de recursos, e sua distribuição entre as entidades territoriais segue regras baseadas em indicadores de desempenho e no contexto socioeconômico", indicaram.

Economia colombiana.
Imagem gerada com Inteligência Artificial - ChatGPT
O problema não é apenas quanto é transferido, mas como é executado, já que, para eles , o Governo tem conseguido direcionar recursos para os territórios mais defasados, mas não conseguiu traduzi-los em resultados concretos. Isso exige que, antes de continuar a aumentar o fluxo de dinheiro, seja necessário reformular a distribuição de funções e capacidades.
Para levar em contaA chave, segundo Fedesarrollo, é que a Lei de Competências garanta um impacto fiscal neutro. Isso significa que os novos recursos não só sejam acompanhados de funções claras, mas também que as competências sejam descentralizadas para setores onde as entidades territoriais tenham capacidade real de executá-las.
O think tank propõe expandir o escopo do PEC para além dos setores tradicionais (educação, saúde, água), incluindo áreas como política social por meio do Sisbén, que permitiria aos territórios gerenciar diretamente programas direcionados (impacto: 0,8% do PIB); ou o Plano de Alimentação Escolar (PAE), atualmente financiado por um sistema misto, mas que poderia ser totalmente assumido pelo PEC (0,1% do PIB).
Outras notícias: Cine Colombia terá linha de salgadinhos e busca acordo para distribuí-la no D1
Um terceiro elemento é a rede rodoviária secundária e terciária, onde as autoridades locais já possuem experiência operacional (0,03% do PIB); a gestão cadastral, com baixo impacto fiscal (0,01% do PIB), mas com grande potencial para fortalecer a arrecadação do imposto predial. Essas medidas poderiam aliviar até 2,15% do PIB em pressões fiscais, se implementadas com critérios técnicos e responsabilidade administrativa.
" O principal critério para a atribuição de novos poderes aos governos subnacionais deve ser a capacidade de descentralizar os recursos associados. Isso significa que os gastos não são legalmente impostos pelo nível central, que as entidades territoriais têm capacidade institucional para executá-los e que os recursos não estão sujeitos a rigidez legal que impeça sua gestão autônoma", afirmaram.

Pesos colombianos
iStock
Outro fator que não deve ser ignorado, segundo a Fedesarrollo, que chegou a descrevê-lo como um dos erros que o país não pode repetir, é a transferência de responsabilidades sem mensurar a real capacidade dos territórios. Nesse sentido, indicaram que apenas quatro municípios do país apresentam Índice de Desempenho Fiscal (IPF) acima de 80, enquanto mais de 50% se encontram na zona de risco, entre 40 e 60 pontos.
"Isso significa que a maioria dos municípios carece de estrutura administrativa, capital humano ou sistemas de gestão necessários para assumir mais funções. Portanto, a Lei de Competências não deve aplicar um critério uniforme, mas sim um esquema de distribuição diferenciado, adaptado às capacidades e vocações de cada território", observaram.
Leia também: Você pode ter essas doenças: os riscos de fumar cigarros eletrônicos ou vapers
Exemplos de foraEm outra seção, Fedesarrollo sugeriu rever casos de sucesso ao redor do mundo, começando pela experiência do Ceará, Brasil, que para eles é um dos modelos de destaque, visto que as transferências municipais foram condicionadas ao cumprimento de metas em saúde, educação e meio ambiente, e o resultado foi uma melhoria tangível nos indicadores sociais e uma redução nas disparidades territoriais. Eles também mencionam casos como Itália, Nova Zelândia e o próprio Brasil, onde sistemas robustos de monitoramento e avaliação têm sido essenciais para garantir o uso adequado dos recursos descentralizados. Eles alertaram que, embora o país tenha plataformas como Sinergia e TerriData, ainda não possui ferramentas que avaliem sistematicamente a implementação de novos poderes nos territórios.
Fedesarrollo concluiu afirmando que a reforma do Pacto de Concorrência (PEC) representa uma oportunidade para fortalecer a descentralização na Colômbia, mas também pode se tornar uma armadilha se não for gerida com critérios fiscais. Por isso, a Lei da Concorrência é o muro de contenção que pode impedir que o país caia em uma crise estrutural de gastos.
Portafolio