Milei anuncia corte de impostos sobre exportações agrícolas e veto a leis de oposição.

O presidente argentino Javier Milei anunciou neste sábado uma redução nos impostos de exportação de carne, soja, milho, girassol e sorgo, buscando conter os protestos que esses setores têm enfrentado nas últimas semanas. Ele também anunciou que vetará um pacote de leis de oposição no Congresso.

Falando na última edição da Exposição Internacional de Pecuária, Agricultura e Indústria (Expo Rural) em Buenos Aires, Milei se referiu à oposição como "degenerados fiscais" e "parasitas", enfatizando que qualquer caminho do meio leva ao coletivismo.

O presidente anunciou que a redução do imposto seguirá o seguinte cronograma a partir deste sábado: aves e carne bovina de 6,75% para 5%; milho e sorgo de 12% para 9,5%; girassol de 7% para 5,5%; soja de 33% para 26%; e derivados de soja de 31% para 24,5%.

Segundo o presidente, a medida "será permanente" e implicará em redução de 20% nas alíquotas de impostos para cadeias de grãos e de 26% para carnes.

O presidente chegou ao recinto de feiras de Buenos Aires no compartimento de carga de uma caminhonete 4x4, junto com sua irmã e secretária presidencial, Karina Milei, e o ministro da Economia, Luis Caputo.

Em meio ao conflito interno do partido no poder, a vice-presidente Victoria Villarruel não compareceu ao evento.

Pouco antes disso, Nicolás Pino, presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), abriu o dia exigindo que o governo nacional acabasse com os impostos sobre exportações agrícolas, conhecidos como retenções, que ele descreveu como "piores que a peste, a enchente ou a seca".

Por sua vez, e precedido por aplausos, Milei fez um discurso com duração de mais de uma hora, no qual descreveu os represamentos como "desastrosos e sinistros".

Ele vinculou os impostos sobre o setor agrícola aos direitos sociais: "Eles buscam gerar expectativas infinitas nas pessoas, argumentando que onde há uma necessidade, nasce um direito, e que todos os direitos exigem intervenção estatal. E, portanto, os impostos."

"Ao mesmo tempo, Milei teve que admitir que o objetivo de reduzir as taxas de exportação para 0% não é tão simples: "Entendemos que ser extremamente cauteloso é perpetuar uma abominação que nunca deveria ter existido e colocar um teto no crescimento do setor e, consequentemente, de toda a economia."

Diante das iminentes eleições legislativas na Argentina, Milei estabeleceu um cenário de enfrentamento com o restante da oposição e pediu apoio aos setores produtivos contra aqueles que, segundo ele, "mataram a galinha dos ovos de ouro" nos últimos anos.

Em seu discurso na Expo Rural, ele argumentou que a única maneira de sustentar a medida anunciada é por meio do atual programa econômico de ajuste das contas públicas, que o governo argentino descreve como um "superávit fiscal", executado "diante dos ataques do establishment político".

No segundo segmento relevante de sua apresentação, o presidente anunciou que vetará o pacote de leis aprovado pelos partidos de oposição para melhorar as pensões de aposentadoria e o auxílio às pessoas com deficiência, bem como a reforma da distribuição dos fundos nacionais entre os governos provinciais.

Segundo Milei, "implementar essas medidas e sustentá-las ao longo do tempo implicaria um aumento na dinâmica da dívida argentina de cerca de US$ 350 bilhões em valor presente".

"Vamos vetar essas leis, que buscam levar o país à falência e à pobreza", ele prometeu.

O discurso deste sábado incluiu trechos de ataques verbais contra o ecossistema político argentino: "São genocidas do futuro, assassinos de nossas crianças", disse.

"Hoje, existem dois modelos possíveis de país: um de liberdade ou um de servidão estatal representada pelo Estado-parte", afirmou o atual chefe de Estado argentino.

Sobre este segundo setor, ele acrescentou: "Esta não é uma questão descabida. Ou eles aceitam ou não. Qualquer meio-termo também leva ao coletivismo."