Modernizar os pagamentos: o desafio do México antes da Copa do Mundo de 2026

O México enfrenta o desafio de modernizar sua infraestrutura de pagamentos para atender às demandas de um novo perfil de consumidor, em um contexto em que sediará a Copa do Mundo da FIFA 2026 junto com os Estados Unidos e o Canadá, segundo estudos de empresas especializadas em tecnologia financeira e meios de pagamento.

De acordo com o Relatório de Varejo 2025 da Adyen, especialista em pagamentos, os visitantes do país esperam experiências de pagamento rápidas, seguras e sem atrito. No entanto, o México continua sendo uma economia dominada pelo dinheiro em espécie, com 66% de preferência entre os consumidores, enquanto 30% já se familiarizaram com carteiras digitais.

O uso de dinheiro em espécie predomina, apesar do crescimento da adoção de métodos modernos, como o aumento dos Terminais de Ponto de Venda (TPV), que ultrapassam 6,8 milhões de dispositivos. Segundo dados do Censo Econômico e Social de 2024 (INEGI), 84,5% das microempresas e 74% das pequenas unidades econômicas continuam realizando a maior parte de suas vendas em dinheiro.

Isso contrasta com as tendências em mercados como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha e Japão, onde os consumidores já estão acostumados a pagar via Apple Pay, Google Pay, smartwatches, códigos QR e até mesmo mídias sociais.

O relatório da Adyen também indica que 37% das empresas mexicanas planejam investir na melhoria de seus processos de pagamento nos próximos 12 meses. No entanto, o documento enfatiza que o país precisa acelerar o ritmo se quiser capitalizar uma oportunidade tão significativa.

“Este evento pode marcar um ponto de virada para o comércio nacional. Não se trata apenas de aceitar pagamentos, mas de facilitar experiências de compra globais: integrando múltiplos métodos, possibilitando o omnicanal, antecipando picos de demanda e atendendo às expectativas internacionais dos consumidores”, disse Fabricio Moreno, gerente geral da Adyen no México.

O estudo destaca o caso dos Jogos Olímpicos de Paris 2024: os visitantes estrangeiros geraram 35% do volume total de vendas, com os turistas americanos liderando os gastos com 22%, superando os gastos combinados da Alemanha, Reino Unido e Espanha.

Além disso, visitantes da China gastaram até nove vezes mais em setores como luxo, destacando o fato de que os usuários nesses países estão mais acostumados a sistemas de pagamento como carteiras digitais ou pagamentos sem contato.

Segurança

Por outro lado, um relatório da plataforma de pagamentos Kushki indica que, durante eventos de grande porte como a Copa do Mundo, as tentativas de fraude tendem a aumentar consideravelmente. Diante desse cenário, a empresa recomenda que os comerciantes adotem tecnologias de proteção mais robustas, como a tokenização, que substitui dados sensíveis do cartão por identificadores únicos e criptografados, dificultando o roubo de informações.

Ele também sugere a implementação da autenticação 3D Secure, um sistema que adiciona uma camada extra de verificação durante transações on-line, normalmente exigindo que o cliente confirme por meio de seu banco ou dispositivo móvel.

Embora as partidas da Copa do Mundo sejam disputadas apenas em três cidades do país, a plataforma enfatizou que os visitantes devem viajar para outras regiões, portanto, os esforços de modernização devem ser estendidos a todo o país para garantir uma experiência de pagamento consistente, segura e eficiente.