O PP acusa Sánchez de "dinamizar" a democracia ao governar sem orçamento e atacar juízes.

O PP levanta a voz contra Pedro Sánchez, enquanto o primeiro-ministro continua sem dar sinais de abandonar o Palácio da Moncloa, apesar da sua falta de apoio para governar e dos problemas legais decorrentes da corrupção. Miguel Tellado, secretário-geral do Partido Popular (PP), acusou Sánchez nesta terça-feira de "dinamitar" os "fundamentos" da democracia ao governar às escondidas do Congresso e de atacar os juízes que investigam a corrupção que assola o PSOE.
Em entrevista à RNE, Tellado criticou Sánchez por pretender governar "sem orçamento, sem o apoio do legislativo, sem o apoio das Cortes e atacando os juízes". "Nunca vi um primeiro-ministro de nenhum país manter as atitudes, os comportamentos e a retórica que Sánchez infelizmente mantém", declarou Tellado nesta terça-feira, após a entrevista do primeiro-ministro à RTVE ontem.
Na entrevista, Sánchez afirmou que apresentará o orçamento ao Congresso, mas, caso ele não seja aprovado, também não tem intenção de convocar eleições, pois isso mergulharia a Espanha na "paralisia". Ele também criticou uma "minoria" de juízes que, segundo ele, estão envolvidos em "política", uma referência velada ao juiz Juan Carlos Peinado, que investiga o caso contra Begoña Gómez.
Diante desse cenário, o PP já propôs uma reforma legal, que inclui mudanças na Lei Orçamentária Geral e na Constituição, para convocar eleições automaticamente caso um governo acumule duas prorrogações orçamentárias consecutivas, como acontece atualmente na Espanha.
Tellado também criticou o alívio da dívida que o governo aprovará nesta terça-feira no Conselho de Ministros. A iniciativa se baseia em um acordo entre o PSOE e a ERC e fará com que o Estado assuma € 83 bilhões da dívida regional, sendo Andaluzia (€ 18,79 bilhões) e Catalunha (€ 17,10 bilhões) as mais propensas a se beneficiarem.
O Partido Popular (PP) se oporá à iniciativa, que será tramitada como lei no Congresso. Tellado sustenta que o alívio da dívida "não resolve absolutamente nada", mas é "apenas mais um pagamento que Sánchez faz ao movimento independentista", já que as responsabilidades se limitam a mudar de mãos (da administração regional, que saneia seus balanços, para a administração estadual).
O PP, por outro lado, enfatiza a busca por um novo sistema de financiamento: Tellado acredita que é aí que o foco deve estar. "Há um problema que o governo não quer resolver, que é o financiamento regional, que é fornecer às comunidades autônomas os recursos necessários para a prestação de serviços públicos", acrescentou.
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