AOC quer que zombemos da altura de Stephen Miller. Será que é uma boa ideia?
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Stephen Miller é muitas coisas: um protofascista. Um fanático raivoso com uma aversão de longa data por imigrantes. Um homem que usa sua posição de imenso poder para esmagar a oposição política, esmagar a liberdade de expressão e esmagar a liberdade americana.
E, como disse Alexandria Ocasio-Cortez, um troll baixo, palhaço e inseguro.
Sobre os homens raivosos do MAGA, Ocasio-Cortez deu este conselho ao seu público em uma live no Instagram: “Riam deles! Stephen Miller é um palhaço! Nunca vi esse cara na vida real, mas ele parece ter, tipo, 1,50 m.”
Ela acrescentou: “As pessoas falam sobre essa masculinidade tóxica. Vamos deixar isso de lado por um segundo — estamos falando de masculinidade insegura, e uma das melhores maneiras de desmantelar um movimento de homens inseguros é zombando deles.”
Poucas pessoas na política americana merecem tanto condenação e escárnio quanto Miller. Ele foi o ímpeto por trás da política de separação de famílias de Donald Trump. Ele tem promovido a alegação escandalosa de que grupos de esquerda são "organizações terroristas domésticas", uma mentira ( organização terrorista doméstica também não é uma designação legal legítima) que parece ser um pretexto para lançar toda a força do governo federal sobre os oponentes políticos de Trump. É realmente difícil exagerar o quão autoritária, sombria e perigosa é a política de Miller, e quanta influência ele mantém sobre o presidente. E isso parece advir principalmente do fato de que, apesar de ter cerca de 1,78 m, ele é um bebê grande e assustado: com medo de imigrantes, com medo de liberais e implorando ao Paizão Trump que envie tropas para protegê-lo. Se alguma vez houve um alvo legítimo para escárnio, é ele.
E Ocasio-Cortez está certa ao afirmar que o MAGA é um movimento baseado na masculinidade insegura — e, nesse sentido, é como muitos outros movimentos autoritários ao longo da história. (Há uma razão para falarmos sobre a política do homem forte e não sobre a política da pessoa forte.) Há uma riqueza de ciências sociais sobre as conexões entre a masculinidade tradicional e o autoritarismo, e líderes autoritários rotineiramente cooptam a estética da hipermasculinidade para se retratarem como defensores musculosos de suas nações. Na Alemanha nazista, imagens de homens fortes e mulheres maternas venderam à nação uma ideologia de controle patriarcal. Líderes ditatoriais como Vladimir Putin e Kim Jong-il disseminam fotos de si mesmos (frequentemente retocadas no Photoshop) montados em cavalos , parecendo impossivelmente sarados, ou envolvidos em outras atividades tradicionalmente masculinas (atirar com armas, pescar). À medida que as políticas misóginas aumentaram na Espanha, a fetichização do ex-ditador Francisco Franco aumentou com elas .
E Trump, é claro, não é estranho a imagens manipuladas e propaganda de IA que o retratam como um homem másculo, vigoroso e em forma, às vezes até como o próprio Jesus Cristo — quando na realidade ele é um desertor de 79 anos clinicamente obeso .
A zombaria é merecida. E às vezes funciona. Revelar homens como Miller como ele é — um nerd medroso e ansioso — ajuda a dissipar parte da mitologia que este governo está tentando criar. Também envia a mensagem aos homens de que os líderes do MAGA não são durões impressionantes, mas covardes constrangedores: homens que não devem ser imitados, mas sim afastados. A estratégia da zombaria está encontrando alguma eficácia em Portland, Oregon, neste momento, enquanto Trump considera a cidade um inferno infestado de crimes que só pode ser salvo com o envio de tropas, e os moradores de Portland respondem dançando em fantasias infláveis de animais, enviando uma mensagem visual clara que mina o que esses supostos durões dizem temer.
Mas há riscos na estratégia de zombaria. E eles surgem quando a zombaria deixa de ser direcionada a figuras específicas como Miller e passa a ser direcionada aos homens que votam no MAGA de forma mais ampla.
Aqui, devo fazer uma distinção entre o que penso ser justo e o que penso ser estrategicamente sábio. Acredito que a maioria dos homens MAGA hardcore também são misóginos patéticos e inseguros que, em um mundo justo, seriam ridicularizados e marginalizados. Em um mundo em que os democratas precisam de eleitores para vencer eleições, e as mulheres precisam estar seguras em nossos lares e comunidades, zombar amplamente dos homens MAGA pode ser uma má ideia. As pessoas votaram em Trump por uma enorme variedade de razões, mas sabemos que uma sensação de deslocamento e humilhação foi levada em consideração, especialmente para os homens. Ansiedade racial é uma abreviação para racismo , mas a frase também conota uma sensação de perda de status - que as coisas eram melhores quando alguém podia se orgulhar e sentir como se pertencesse a um país onde todos, desde os políticos até as pessoas em programas de televisão e os líderes empresariais proeminentes, se pareciam com você ( você sendo um homem branco). Uma política e uma cultura alteradas, nas quais os homens brancos ainda estão no topo, mas não têm mais o monopólio do poder e da influência, parecem uma perda para alguns homens — especialmente, ao que parece, para aqueles que não têm muito mais além de suas identidades de gênero, raça e americanas para lhes dar um senso de importância.
Para deixar claro: acho esse tipo de ansiedade de status extremamente deplorável, e acho que a resposta real para isso é "Seja adulto e tenha coragem", não "Use o governo para arquitetar uma retomada do poder pelo homem branco". Mas, tendo testemunhado Trump ganhar dois mandatos e visto o dano que ele está causando, mudei minha visão sobre como os liberais devem reagir.
Homens que se sentem inseguros, desprezados e emasculados normalmente não são os homens que desejam aderir a causas liberais ou defender políticas feministas. São homens cujas políticas parecem mais propensas a tender para o reacionário e que podem descontar sua raiva não apenas nas urnas, mas também nas mulheres ao seu redor. Subculturas online inteiras cresceram em torno da ideia de serem injustamente emasculados, sendo os incels a mais conhecida, mas pesquisas há muito tempo mostram que homens que acreditam em um ideal hipermasculino e aqueles que se sentem desrespeitados têm maior probabilidade de serem violentos com as mulheres (e outras pessoas) em suas vidas.
Isso não significa que os liberais tenham que abraçar ou cortejar esses caras. Mas significa traçar uma linha entre zombar dos homens MAGA no poder e os homens MAGA em geral. O truque é tornar o MAGA menos atraente para os homens sendo honesto sobre o quão desagradáveis os líderes masculinos MAGA são. (Miller, apesar do que os apresentadores da Fox News possam argumentar, não é exatamente a imagem de um macho alfa, e eu tenho que imaginar que ele repele até mesmo as mulheres que mais adoram MAGA.) O truque é fazer isso sem dar a impressão de que liberais elitistas e mulheres que odeiam homens estão mirando em todos os homens conservadores. Para ser honesto, acho essa conclusão um tanto dolorosa, já que certamente estaríamos justificados em zombar e marginalizar os homens que apoiam Trump muito além daqueles que trabalham para ele. Mas se seguirmos esse caminho, a piada pode acabar sendo sobre nós.
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