Após se opor a 'grande e belo projeto de lei', Thom Tillis diz que não concorrerá à reeleição

O senador republicano americano Thom Tillis, da Carolina do Norte, anunciou no domingo que não concorrerá à reeleição no próximo ano. O anúncio foi feito um dia depois de ele se opor à proposta de impostos e gastos do presidente americano Donald Trump , que inclui cortes em programas de saúde, e depois de Trump o ter atacado publicamente por votar "não" para avançar com seu "grande e belo projeto de lei". A decisão de Tillis abre uma vaga no Senado em um estado que frequentemente registra disputas acirradas. Também dá aos democratas a chance de ganhar terreno nas eleições de meio de mandato de 2026. Tillis agora pode desempenhar um papel imprevisível no Partido Republicano, onde poucos membros se opõem a Trump. Trump já vinha considerando apoiar um candidato nas primárias contra ele e reagiu à notícia postando: "Ótimas notícias!" Foi a mais recente aposentadoria de um congressista a ressaltar a guinada do Partido Republicano para a direita e a realidade de que há pouco espaço para qualquer republicano romper com Trump, disse o New York Times em uma reportagem. "Em Washington, nos últimos anos, tornou-se cada vez mais evidente que os líderes que estão dispostos a abraçar o bipartidarismo, chegar a um acordo e demonstrar pensamento independente estão se tornando uma espécie em extinção", disse Tillis em um comunicado. Ele disse estar orgulhoso de seu tempo no serviço público, mas admitiu que tem sido difícil para políticos que se mantêm distantes de seu partido. "Estou ansioso para ter a liberdade de decidir as bolas e strikes como achar melhor e representar o grande povo da Carolina do Norte da melhor maneira possível", acrescentou Tillis. Atualmente, os republicanos têm uma maioria de 53-47 no Senado. Trump criticou Tillis nas redes sociais por ser um dos dois únicos senadores republicanos que votaram no sábado contra o avanço do grande projeto de lei tributária, apelidado de "grande e belo projeto de lei". Ele acusou Tillis de tentar chamar a atenção e disse que faria campanha contra ele. Trump também alegou que o senador não fez o suficiente para ajudar a população da Carolina do Norte depois que o furacão Helene causou grandes inundações. "Tillis é um falador e um reclamante, NÃO UM FAZEDOR", escreveu Trump. Tillis ganhou destaque na política da Carolina do Norte ao deixar o emprego de consultor da IBM durante seu segundo mandato na Câmara estadual. Ele liderou os esforços do Partido Republicano para conquistar mais cadeiras nas eleições de 2010. Naquele ano, os republicanos assumiram o controle da Câmara e do Senado estaduais pela primeira vez em 140 anos. Mais tarde, tornou-se presidente da Câmara e ajudou a aprovar políticas conservadoras relacionadas a impostos, leis sobre armas, regulamentações comerciais e aborto. Também apoiou uma emenda constitucional de 2012 para proibir o casamento gay, que foi aprovada, mas posteriormente anulada pelos tribunais. Em 2014, Tillis venceu uma disputa acirrada contra a senadora democrata Kay Hagan, ajudando os republicanos a assumir o controle do Senado dos EUA. Durante seu mandato, concentrou-se em saúde mental, expansão do Medicaid, recuperação de dependentes de substâncias e questões relacionadas a veteranos. Tillis, conhecido por trabalhar com os democratas em alguns tópicos, às vezes enfrentava críticas de seu próprio partido. Em 2023, os republicanos da Carolina do Norte votaram para censurá-lo por suas posições sobre políticas de imigração e armas.