As vacinas são arriscadas para pacientes com câncer?

O tratamento do câncer não pode ignorar as vacinas, pois elas ajudam a proteger os pacientes, muitas vezes vulneráveis à doença, e a reduzir o impacto nos sistemas de saúde. Este foi o apelo lançado ontem por especialistas reunidos em Roma na conferência "Vacinação em Pacientes com Câncer", no Policlínico Umberto I, para a etapa do Lácio da campanha homônima para conscientizar sobre o valor das imunizações no tratamento do câncer. A campanha, organizada pela Fundação AIOM (Associação Italiana de Oncologia Médica), foi possível graças ao patrocínio incondicional da GlaxoSmithKline. Dez regiões estarão envolvidas na iniciativa itinerante. Dez eventos, juntamente com atividades de conscientização em vários níveis, combaterão a hesitação em vacinar e apoiarão a saúde dos pacientes.

Não subestime o herpes zoster

Cinco vacinas são fortemente recomendadas por especialistas: contra o Herpes Zoster, contra a Covid-19, contra a gripe, contra a doença pneumocócica e contra o HPV, como explica Andrea Botticelli , Diretor Médico do Departamento de Hematologia, Oncologia e Dermatologia do Hospital Policlínico Umberto I em Roma: "Entre as infecções que podem afetar pacientes com câncer está o Herpes Zoster, ou 'Zóster': é causado pelo mesmo vírus da catapora e se manifesta com irritações dolorosas na pele que podem levar a complicações até fatais. É uma doença prevenível graças a uma vacina recombinante altamente recomendada para pessoas imunocomprometidas, como aquelas que vivem com câncer. Todos os nossos pacientes podem se beneficiar significativamente, independentemente do tipo de tumor e do tratamento em andamento. Entre outras doenças preveníveis está a infecção por Covid-19, que sempre representa um perigo, assim como a do vírus da gripe sazonal ou da bactéria pneumocócica. A vacina contra o HPV também protege os pacientes de infecções pré-cancerosas que podem complicar sua saúde."

O oncologista contra a hesitação em vacinar

O encontro em Lazio também proporcionou uma oportunidade para destacar as evidências científicas que sustentam os benefícios da vacinação, continuou Botticelli: "As vacinas, com raríssimas exceções, não interferem nos tratamentos contra o câncer. Além disso, protegem contra infecções perigosas que podem complicar quadros clínicos individuais. Por todas essas razões, como sociedade científica, decidimos incentivar a vacinação de nossos pacientes com uma campanha nacional de informação e conscientização."

Além de conferências, o projeto inclui comerciais, atividades em mídias sociais, um folheto informativo e um website ( vaccininelpazienteoncologico.it ). Essa iniciativa multifacetada busca conter o que é "uma desconfiança injustificada em relação a dispositivos médicos que são realmente seguros e eficazes", continuou Botticelli. "A hesitação em relação às vacinas não tem base científica e, portanto, cabe a todos os profissionais de saúde combatê-la. Os oncologistas, especificamente, devem fornecer aconselhamento aos pacientes, bem como às suas famílias e cuidadores."

Uma situação irregular no fornecimento de vacinação no Lácio

Anualmente, 32.000 novos casos de câncer ocorrem na região e 46.000 são hospitalizados devido à doença. No entanto, o atendimento às necessidades de saúde, especialmente o acesso à vacinação, nem sempre é garantido, acrescentou Daniele Santini , chefe da Unidade de Oncologia Médica do Policlínico Umberto I: "Na Região do Lácio, a situação é atualmente heterogênea e irregular. Alguns centros já implementaram programas adequados e os pacientes são vacinados no mesmo hospital. Outros, no entanto, estabeleceram acordos com as autoridades locais de saúde (ASL) que lidam com as imunizações. No entanto, algumas unidades de oncologia ainda não tomaram nenhuma providência, e essas lacunas devem ser preenchidas o mais rápido possível. Precisamos padronizar o atendimento para que as vacinas estejam disponíveis em toda a região."