O que ver em Gênova em um dia: vistas, sabores e sonhos da Ligúria

Imagine Gênova como um pacote de presente que deve ser desembrulhado lentamente, uma cidade com infinitas facetas e mil rostos que se revela lentamente, passo a passo e vislumbre após vislumbre: cada beco esconde uma história, cada edifício guarda um eco de glórias antigas e o olhar se abre para um horizonte inesperado entre o mar e as montanhas.

Não se deixe enganar pelas aparências: se à primeira vista parece fria, distante, quase inacessível, é apenas uma máscara. Não é preciso muito para sentir seu calor: um aroma vindo de uma fritura, um artesão trabalhando atrás de uma vitrine empoeirada, um grupo de crianças rindo na praça. É então que Gênova se revela, e o faz com a elegância de quem não precisa exagerar.

Se você tiver apenas um dia para conhecê-la, deixe-se guiar por seus recantos mais característicos e maravilhas atemporais.

Piazza De Ferrari, o coração pulsante da cidade

É aqui que Gênova demonstra sua energia. A Piazza De Ferrari é palco de grandes eventos da cidade, onde a vida flui sob o jorro monumental da fonte de bronze.

Ao redor, admire o Teatro Carlo Felice, a Academia de Belas Artes da Ligúria, o Palazzo Ducale que acolhe exposições, o Palazzo della Regione e o imponente Palazzo della Nuova Borsa , um extraordinário exemplo do estilo Liberty genovês.

Porta Soprana e a casa de Cristóvão Colombo

Continuando a jornada pelas maravilhas do centro de Gênova em um dia, você não pode perder um dos testemunhos mais representativos da cidade medieval: a sugestiva Porta Soprana , que se destaca como uma sentinela do Tempo. Suas duas torres gêmeas de pedra , robustas e austeras, são o que resta das antigas muralhas da cidade, que datam dos séculos IX e X. Atravessar o arco é como cruzar o limiar de uma era distante, quando Gênova era cercada por poderosas fortificações para se defender dos ataques do mar e do interior.

Mas não para por aí. Logo abaixo da Porta Soprana, exatamente onde começa a suave subida que leva ao arco, encontra-se outra parada repleta de lenda e charme: a casa de Cristóvão Colombo , uma pequena habitação de pedra reconstruída no século XVIII sobre as ruínas da original que foi destruída, hoje uma casa-museu dedicada ao descobridor do Novo Mundo.

Segundo a tradição, o jovem Colombo viveu dentro destas paredes durante a sua infância. Passear pelos seus aposentos, olhar pelas pequenas janelas, observar os objetos e documentos expostos, significa tentar imaginar os sonhos, as ambições e as visões que habitavam a mente de um dos navegadores mais famosos da história.

A Catedral de San Lorenzo, fé, arte e mistério

A poucos passos de distância, você se encontra diante da fachada bicolor da Catedral de San Lorenzo , a igreja mais importante da capital da Ligúria . Sua beleza é austera e magnética, acentuada pelos dois leões de mármore que parecem vigiar silenciosamente a cidade.

Construída a partir de 1098 sobre um antigo edifício cristão primitivo, a catedral abriga tesouros que a tornam um verdadeiro baú de arte e espiritualidade. No interior, a Capela de San Giovanni Battista abriga as cinzas do santo padroeiro, enquanto o Museo del Tesoro e o Museo Diocesano oferecem uma vista maravilhosa de afrescos, manuscritos iluminados e artefatos preciosos.

O centro histórico, a alma autêntica entre vielas e lojas

Gênova não pode ser verdadeiramente compreendida em um dia sem um mergulho em seu centro histórico , um dos maiores e mais fascinantes da Europa. Um labirinto de vielas, os famosos caruggi , onde o passado e o presente se encontram em harmonia: chocolaterias de outra época coexistem com pequenos alfaiates artesanais, mercearias antigas vendem especiarias com um aroma inebriante e as lojas de frituras animam o ar com aromas irresistíveis.

Caminhar por esta zona da cidade é, sem dúvida, uma experiência sensorial .

Via Garibaldi e os Palazzi dei Rolli, elegância e poder

Entre a Catedral e o centro histórico, abre-se uma passagem no tecido medieval da cidade: a Via Garibaldi , antiga Strada Nuova , dominada pelos suntuosos Palazzi dei Rolli (Palazzo Rosso, Palazzo Bianco e Palazzo Doria Tursi), outrora residências das famílias mais influentes da República de Gênova. Estes edifícios foram escolhidos, por sorteio, para receber convidados ilustres em visitas oficiais.

Hoje, são Patrimônio Mundial da UNESCO, mas são ainda mais um símbolo do poder e do bom gosto genoveses. Caminhando lentamente, o olhar se perde entre decorações, estuques e pátios que lembram os tempos em que Gênova era dona do mar e senhora das artes.

Sottoripa, a face popular do porto

Descendo em direção ao mar, você encontrará os Portici di Sottoripa , o longo pórtico que antigamente era uma área comercial para lojas e mercadores, e que ainda hoje mantém um caráter genuíno e popular.

Aqui você respira a alma do porto: entre peixarias expondo a pesca do dia, pequenas lojas de frituras onde você pode saborear frituras mistas e farinatas, e lojinhas que vendem especiarias, azeitonas e conservas, Gênova se mostra como o que é: viva, genuína, avassaladora.

O Porto Antigo, onde o mar encontra a cultura

Reformado por Renzo Piano na década de 1990, o Porto Antico se tornou um dos símbolos da Gênova contemporânea, uma orla para ser vivenciada, com píeres, praças, exposições e atrações.

É aqui que se destaca o famoso Aquário de Gênova, o maior da Europa, com 71 tanques que abrigam tubarões, golfinhos, águas-vivas, pinguins e milhares de criaturas marinhas. Não muito longe, a Biosfera assemelha-se a uma gota suspensa na água, enquanto o Bigo (o elevador panorâmico que lembra os antigos guindastes portuários) oferece uma vista inesquecível do porto e dos telhados do centro histórico. O Museu do Mar de Gálata , o submarino Nazario Sauro e a reprodução do galeão Netuno completam uma emocionante viagem dedicada à vocação marítima de Gênova.

A Lanterna, símbolo do “Dominante dos mares”

Majestosa e solitária, a Lanterna de Gênova permanece sentinela há séculos, uma testemunha silenciosa de seu glorioso passado marítimo, a própria alma da “Superba”, o símbolo indiscutível do poder comercial e naval da República Marítima que dominava os mares.

Com 77 metros de altura, é o farol mais alto do Mediterrâneo e, ainda hoje, guia os navios em direção ao porto e projeta sua luz ao longe, no mar e na memória. Construída em 1543 e reconstruída sobre uma estrutura ainda mais antiga, a Lanterna ergue-se sobre um esporão rochoso , acessível a pé por uma sugestiva trilha, a partir do estacionamento do Terminal de Balsas.

Ao chegar, você terá a oportunidade não apenas de subir os 172 degraus (um desafio recompensado por uma vista encantadora), mas também de descobrir a história da cidade por meio das instalações do Museu Multimídia da Lanterna , localizado em seu interior.

Boccadasse, poesia à beira-mar

E, por fim, uma visita a Boccadasse é quase obrigatória. Uma antiga vila costeira, aninhada nos limites da cidade, parece uma pintura: as casas em tons pastéis refletem-se na água, os barcos balançam placidamente na praia, as gaivotas circulam no céu.

Você caminha pela praia, toma um sorvete na pracinha, senta no muro para olhar o mar e ouvir Gênova contar sua poesia.