Idosos sofrem mais com furtos de bens por parentes próximos, diz Conselho de Cidadãos

Em meados de abril, uma mulher identificada como Carlota "N" começou a gerar polêmica e furor nas redes sociais. O motivo? Tratava-se de uma idosa que, a tiros, decidiu defender sua propriedade, que havia sido roubada por invasores.
Apesar de ter 74 anos, a mulher do Estado do México enfrentou os supostos membros da Sindicato 22 de Outubro, uma organização ligada a atividades criminosas. No entanto, sua bravura custou a vida de duas pessoas, levando-a à prisão preventiva, e ela atualmente enfrenta uma acusação de homicídio.
O caso dela, sem dúvida, gerou muita controvérsia por se tratar de uma mulher idosa que agiu de forma independente contra supostos criminosos. No entanto, se os autores fossem parentes próximos e não criminosos, Dona Carlota teria reagido da mesma forma?
Parentes próximos cometem mais atos de desapropriação contra idososO Conselho Cidadão para a Segurança e Justiça da Cidade do México apresentou recentemente seu Relatório 2024-2025 sobre roubos de propriedade contra adultos, que revela a gravidade dos crimes contra a propriedade e da violência doméstica.
De acordo com a organização civil, a violência continua sendo o motivo mais comum para busca de ajuda, com 87% dos relatos ocorrendo dentro de casa, com as crianças como principais agressoras.
Em relação aos crimes contra o patrimônio, o roubo de bens — principalmente residências — representa um dos problemas mais sérios: em 61% dos casos, os responsáveis pelo crime contra idosos eram familiares próximos, e as residências foram o bem mais afetado, respondendo por 41% dos relatos.
Estatísticas sobre os autores mais comuns de despejos contra idosos. Foto EE: Cortesia/Conselho Cidadão
A expropriação dos bens de idosos é uma das formas de violência mais graves e menos visíveis. Não se trata apenas da perda de bens materiais, mas da perda do que representa segurança, o trabalho de uma vida inteira e a capacidade de decidir o próprio futuro.
Ao contrário de outros crimes, o Conselho Cidadão explicou que filhas, filhos ou amigos próximos se tornam os principais perpetradores da desapropriação familiar, aproveitando-se da confiança e da vulnerabilidade para confiscar casas, terras ou recursos financeiros.
Causas que geram a desapropriação de bens por familiaresEntre as causas mais comuns estão disputas de herança, interesses econômicos em situações precárias, a ausência de testamentos claros e a norma social de que os idosos não precisam mais de seus bens.
Nesse sentido, o Conselho Cidadão explicou que isso se deve a um profundo etarismo, ou seja, acredita-se erroneamente que a velhice implica incapacidade de gerir bens ou que diminui os direitos dos idosos ao que construíram ao longo da vida.
Em seu relatório, o Conselho Cidadão explicou ao El Economista que, comparado a outras formas de violência, o roubo de propriedade tem um efeito devastador porque desenraiza as pessoas.
“Perder uma casa não só priva o idoso de um espaço físico, mas também de suas memórias, de seu senso de pertencimento e da comunidade que ele formou em torno daquele lugar.”
Ele destacou que o impacto vai além do econômico, gerando sentimentos de traição, medo, desproteção e, em muitos casos, leva ao isolamento social ou a problemas de saúde emocional.
Os homens são os mais propensos a abusar de seus parentes mais velhos. Foto EE: Cortesia/Conselho Cidadão
Embora a desapropriação dos bens dos idosos seja latente, o Conselho Cidadão indica que, em última análise, é necessária uma mudança cultural, na qual os idosos devem ser reconhecidos como sujeitos plenos de direitos, capazes de tomar decisões sobre seus bens e dignos de respeito dentro e fora da família.
Eleconomista