Especialistas: Nova esperança para pacientes com câncer de ovário

O câncer de ovário continua sendo um câncer perigoso, mas diagnósticos modernos e novas terapias oferecem uma chance de remissão da doença em longo prazo e sobrevida prolongada, mesmo em pacientes com uma forma mais agressiva da doença, disseram especialistas na área de oncologia ginecológica em um comunicado à imprensa enviado ao PAP.
Um dos medicamentos mais recentes e inovadores destina-se a mulheres com câncer de ovário recorrente resistente à platina. Trata-se de uma forma da doença particularmente difícil de tratar e mais agressiva, associada a um prognóstico significativamente pior do que os cânceres sensíveis à platina.
De acordo com o Registro Nacional de Câncer, aproximadamente 3.600 mulheres na Polônia são diagnosticadas com câncer de ovário a cada ano, e mais de 2.500 morrem em decorrência dele. Sua incidência aumenta com a idade – 82% dos casos ocorrem em mulheres com mais de 50 anos. Continua sendo o câncer com a menor taxa de sobrevida em cinco anos entre os cânceres ginecológicos.
Um dos principais motivos para isso é a detecção tardia. Em sete em cada 10 pacientes, o câncer de ovário já está em estágio III ou IV no momento do diagnóstico. Isso significa que a doença já se espalhou para além da pelve, e metástases distantes frequentemente ocorrem.
Os atrasos no diagnóstico do câncer de ovário se devem, entre outras coisas, à falta de exames de rotina, como no caso do câncer de mama ou do colo do útero, que aumentam as chances de detecção precoce. Os sintomas inespecíficos da doença, frequentemente associados a problemas gastrointestinais, também podem ser enganosos. As pacientes frequentemente passam por um longo tratamento com medicamentos para regular a função gastrointestinal antes de consultar um ginecologista.
"Até o momento, não foi desenvolvido nenhum teste de triagem confiável que permita a identificação do câncer de ovário em estágio inicial. A vigilância oncológica por um especialista, bem como pela própria paciente, é crucial. Exames ginecológicos regulares podem ajudar a detectar certas anormalidades", afirmou a Profa. Anita Chudecka-Głaz, consultora provincial em oncologia ginecológica da Voivodia da Pomerânia Ocidental, chefe do Departamento de Ginecologia Operatória e Oncologia Ginecológica do SPSK-2 em Szczecin, citada em um comunicado à imprensa enviado à PAP.
Ela acrescentou que sintomas digestivos recorrentes também devem gerar preocupação.
Segundo a especialista, as causas do desenvolvimento do câncer de ovário incluem, além da idade, infertilidade, ausência de gravidez e fatores genéticos, como mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 diagnosticadas em familiares. "O estilo de vida também pode desempenhar um papel significativo. As pacientes que nos procuram geralmente apresentam problemas de saúde geral. Apresentam distúrbios circulatórios ou embolias. Isso dificulta muito a implementação de um tratamento eficaz", enfatizou a Professora Chudecka-Głaz.
Na doença avançada, o tratamento é sistêmico, sendo a quimioterapia à base de platina o tratamento padrão. Para manter o efeito terapêutico e maximizar o tempo até a recidiva, utiliza-se terapia de manutenção com inibidores de PARP ou medicamentos antiangiogênicos. Nesse estágio, é crucial manter a remissão pelo maior tempo possível, pois cada recidiva subsequente geralmente ocorre mais rapidamente do que a anterior.
Estima-se que todas as pacientes com câncer de ovário recorrente acabarão desenvolvendo resistência à platina. O câncer de ovário resistente à platina é uma forma particularmente difícil e mais agressiva da doença, com prognóstico significativamente pior do que os cânceres sensíveis à platina.
Apesar de anos de pesquisa intensiva, há muito tempo é impossível desenvolver uma terapia que prolongue a sobrevida global de pacientes com esse tipo de câncer de ovário. Um grande avanço só ocorreu recentemente.
"No tratamento do câncer de ovário resistente à platina, uma abordagem particularmente promissora é atualmente a terapia com um conjugado anticorpo-fármaco – mirvetuximabe soravtansina. Este fármaco foi recentemente incluído na lista de tecnologias com o mais alto nível de inovação emitida pelo Ministério da Saúde e aguarda reembolso", comentou a Profa. Dagmara Klasa-Mazurkiewicz, do Departamento de Perinatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Médica de Gdansk.
Ela explicou que o mecanismo de ação desse conjugado lembra o mitológico Cavalo de Troia. O anticorpo contido no fármaco reconhece e se liga ao receptor de folato alfa (FR-alfa), que permite que as células absorvam folatos essenciais para o seu crescimento. Embora esse receptor esteja presente em pequenas quantidades em tecidos saudáveis, ele está presente em excesso na superfície de células de câncer de ovário resistentes à platina. Assim que o anticorpo se liga ao receptor FR-alfa, um fármaco tóxico é liberado na célula, destruindo-a internamente.
"Os resultados do estudo são inovadores. Com o mirvetuximabe soravtansina, o número de pacientes cujos tumores diminuíram ou desapareceram em resposta à terapia é mais que o dobro do que com o tratamento atual. Além disso, a terapia reduz o risco de morte em 33%, proporcionando melhor qualidade de vida", explicou a Professora Klasa-Mazurkiewicz.
Especialistas ressaltaram que, para tratar pacientes com câncer de ovário de forma mais eficaz, é necessário expandir o acesso a testes genéticos modernos na Polônia.
"O acesso a testes genéticos na Polônia melhorou significativamente nos últimos anos. Também estamos observando um aumento no número de exames solicitados, que era muito baixo há apenas alguns anos. No entanto, o acesso ao teste HRD (teste de deficiência de recombinação homóloga) continua sendo uma necessidade significativa, que atualmente não conta com financiamento público", afirmou a Dra. Anna Dańska-Bidzińska, da Clínica de Oncologia Ginecológica do Instituto Nacional de Oncologia Maria Skłodowska-Curie – PIW, e a presidente da Associação de Mulheres em Oncologia Polonesa, Rak Misja. Ela acrescentou que, sem os resultados deste teste, algumas pacientes não podem receber a prescrição de inibidores de PARP disponíveis no programa de medicamentos.
Conforme concluíram os especialistas, o acesso aprimorado a diagnósticos moleculares modernos, a introdução de terapias inovadoras para pacientes com doença resistente à platina e a crescente conscientização entre mulheres e médicos oferecem esperança real para melhorar os resultados do tratamento e a qualidade de vida de pacientes com câncer de ovário. (PAP)
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