Tarifas de Trump bloqueadas. Tribunal: O Presidente excedeu os seus poderes

O Tribunal de Comércio Internacional dos EUA bloqueou a entrada em vigor da maioria das tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Segundo o tribunal, ele excedeu sua autoridade ao impor tarifas a outros países sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional. Os mercados financeiros acolheram positivamente a decisão do tribunal.
Um tribunal federal em Nova York concluiu na quarta-feira à noite, horário local, que, segundo a Constituição dos EUA, somente o Congresso tem autoridade para regular o comércio com outros países.
Ao anunciar as tarifas, Trump citou a lei de 1977. Mas o painel de três juízes disse que não designa tarifas como uma ferramenta que o presidente pode usar para proteger os EUA de ameaças econômicas. Trump é o primeiro presidente dos EUA a usar esse poder para impor tarifas.
"O tribunal não comenta sobre a validade ou provável eficácia do uso de tarifas pelo presidente como alavanca (de comércio)", disse o painel. "Tal uso é inadmissível não porque seja irracional ou ineficaz, mas porque (a lei) não o permite", afirmou a decisão.
O tribunal invalidou imediatamente as ordens tarifárias de Trump, que ele havia anunciado desde que assumiu o cargo em janeiro. A decisão não abrange certas tarifas industriais que o presidente dos EUA emitiu com base legal diferente sobre carros importados, aço e alumínio, usando um estatuto diferente.
O porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, disse após o anúncio da decisão do tribunal que os déficits comerciais dos EUA com outros países são "uma emergência nacional que dizimou comunidades americanas, deixou nossos trabalhadores para trás e enfraqueceu nossa base industrial de defesa, e esses são fatos que o tribunal não contestou". "Não cabe aos juízes decidir como devemos realmente lidar com a situação de crise no país", enfatizou.
Poucos minutos após o anúncio da decisão, o governo Trump entrou com um recurso.
Os mercados financeiros receberam bem a decisão do tribunal, informou a Reuters. O dólar subiu em relação a outras moedas, incluindo o euro, o iene e o franco suíço. O mercado de ações em Wall Street e os preços das ações na Ásia também registraram ganhos.
Se a decisão judicial de quarta-feira for mantida, isso poderá significar sérios problemas para a estratégia de Trump de impor altas tarifas para forçar concessões de parceiros comerciais. Também cria incerteza sobre futuras negociações comerciais com a UE, China e outros países.
A decisão é resultado de duas ações judiciais: uma movida por um grupo de cinco pequenas empresas norte-americanas que importam produtos de países alvos das tarifas, a outra por uma coalizão de autoridades governamentais de 12 estados. Representantes das empresas, que incluem uma importadora de álcool e uma fabricante de instrumentos musicais, disseram que os novos impostos estavam prejudicando seus negócios.
Pelo menos outros cinco casos relacionados às tarifas de Trump estão pendentes.
O Departamento de Justiça dos EUA disse que os processos deveriam ser rejeitados porque nenhuma empresa americana foi prejudicada pelas tarifas até agora. Além disso, segundo o ministério, somente o Congresso, e não empresas privadas, pode contestar a decisão do presidente nesta matéria.
Nos três meses de sua presidência, Trump anunciou quatro conjuntos de tarifas: 25% para o Canadá e o México e 20% para a China, a 25%. para aço e alumínio de todos os países, 25% em carros e peças de automóveis de todos os países (exceto Canadá e México), bem como as chamadas tarifas recíprocas para quase 60 países com superávit comercial com os EUA, suspensas após vários dias e substituídas por um salário mínimo temporário de 10% (exceto na China). As tarifas totais sobre importações da China, que foi o único país a introduzir tarifas retaliatórias, chegaram a 145%.
O presidente dos EUA prometeu aos americanos durante a campanha eleitoral que a introdução de tarifas reduziria o déficit no comércio internacional, que chega a US$ 1,2 trilhão, e contribuiria para a criação de mais empregos no país, principalmente na indústria manufatureira. (PAP)
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