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Guerra no Médio Oriente e petróleo: riscos e preocupações

Guerra no Médio Oriente e petróleo: riscos e preocupações

A guerra no Médio Oriente parece não ter fim à vista, numa altura em que os conflitos parecem cada vez mais intensos. E, com isso, surgem também alguns problemas económicos, nomeadamente ao nível do petróleo.Os especialistas têm alertado para este problema, com Vítor Madeira, analista da XTB, a dizer que o petróleo «está sob pressão geopolítica».

Ao nosso jornal, o analista adianta que «os recentes desenvolvimentos no conflito entre o Irão e Israel têm gerado elevada volatilidade nos mercados internacionais de petróleo». No entanto, acrescenta, «o cenário permanece altamente incerto, exigindo uma monitorização contínua por parte dos investidores».

Vítor Madeira nota ainda que, neste momento, há a destacar dois fatores com potencial impacto direto nas cotações do petróleo. O primeiro é o possível envolvimento dos EUA nas hostilidades: «A retórica do líder supremo iraniano, afirmando que o país não se renderá e que uma intervenção americana poderá acarretar consequências severas para os EUA, eleva o risco de escalada regional».

O outro fator está relacionado com a ameaça de bloqueio do Estreito de Ormuz. «Este estreito é responsável por aproximadamente 20% do transporte marítimo global de petróleo», recorda Vítor Madeira, adiantando que «qualquer perturbação na sua operação representaria um choque significativo na oferta, com consequências imediatas nos preços internacionais da matéria-prima e nos bens transportados».

O especialista detalha também que, apesar da tensão, na quarta-feira (altura da análise), os mercados reagiram «de forma moderada» com o Brent a recuar cerca de 2,5%. Esta correção, na sua opinião, «pode indicar que os investidores ainda atribuem uma baixa probabilidade a um agravamento do conflito». Se repararmos, acrescenta, o preço do Brent «continua abaixo dos máximos registados na última sexta-feira dia 13. A ausência de movimentos significativos no ouro e no dólar reforça esta perceção de contenção, mas claro que tudo pode mudar rapidamente».

A isto juntam-se as recentes declarações do Presidente dos EUA, Donald Trump, ao sugerir que poderão ocorrer avanços dentro de uma semana – possivelmente relacionados ao programa nuclear iraniano – que, na opinião de Vítor Madeira, «contribuem para algum alívio nas expectativas de curto prazo». Além disso, esta quarta-feira, foi publicado relatório da EIA «que demonstra que os inventários de petróleo bruto nos EUA continuam a cair, o que pode pressionar mais os preços».

Certo é que «a imprevisibilidade geopolítica permanece elevada» e «qualquer intensificação nas tensões, nomeadamente nos dois fatores-chave mencionados, poderá inverter a tendência recente e levar a novas pressões altistas sobre o petróleo», finaliza Vítor Madeira, recomendando «atenção redobrada aos próximos desdobramentos no Médio Oriente, dada a sua relevância crítica para os mercados energéticos globais».

Semanas de elevada volatilidadeJá Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe, recorda também que os preços do petróleo WTI «recuaram ligeiramente durante a sessão de quarta-feira, fixando-se ligeiramente acima dos 73 dólares por barril».O analista sublinha que todas as atenções do mercado «continuam centradas no conflito em curso entre Israel e o Irão, que poderá vir a comprometer o fornecimento de petróleo a partir do Golfo Pérsico». Este risco para a oferta, acrescenta, «tem sido um dos principais impulsionadores da recente subida dos preços – uma dinâmica que poderá agravar-se em caso de nova escalada, especialmente se as exportações de petróleo e gás através do Estreito de Ormuz forem interrompidas».

Ainda assim, Ricardo Evangelista diz que, «tendo em conta a gravidade do conflito, a reação dos mercados tem sido, até agora, relativamente contida». Uma possível explicação para esta situação «reside nas previsões de abrandamento da economia global, que estão a penalizar as expectativas de procura por petróleo».

Outro fator em destaque é a política monetária dos Estados Unidos. «A decisão de hoje sobre as taxas de juro por parte da Reserva Federal, bem como a intervenção pública de Jerome Powell que se seguirá, deverão ser acompanhadas de perto pelos operadores de petróleo», diz Ricardo Evangelista, explicando que, caso o banco central «adote um tom mais cauteloso e dovish, face aos recentes desenvolvimentos geopolíticos – sinalizando maior predisposição para cortar juros – tal poderá impulsionar as expectativas de crescimento, melhorar as perspetivas para a procura de petróleo e oferecer suporte adicional aos preços».

Tendo em conta este cenário, «com forças opostas a influenciar o preço do crude, as próximas semanas poderão ser marcadas por elevada volatilidade, com um viés de alta que poderá traduzir-se em subidas acentuadas caso o conflito se intensifique», finaliza.

Jornal Sol

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