Volta: AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense assume-se como «outsider perigoso»

Pese embora o seu diretor desportivo reconheça que a inexperiência dos seus ciclistas pode pesar.
«Atendendo ao que tem sido a época, se calhar, pelo menos, faz-nos sonhar com mais alguma coisa. Portanto, tendo dois ou três atletas que na montanha se têm revelado dos mais fortes e a Volta tendo cinco ou seis chegadas em alto – praticamente são seis –, acaba por nos fazer aqui sonhar. Não podemos esconder isso, porque é verdade», admitiu.
Em declarações à agência Lusa, Vidal Fitas destacou o conjunto de trepadores que a mais antiga formação do pelotão internacional tem, nomeadamente David Jesús Peña e Afonso Silva, assumindo que estes ciclistas podem ganhar «alguma ou algumas» das etapas em que a meta coincide com uma contagem de montanha e que, se isso acontecer, estarão na discussão da Volta.
«Pelas equipas que vêm, teoricamente, não há de haver muitos ciclistas melhores do que aqueles que estão cá nas equipas portuguesas. Basicamente, acho que a Volta se vai resumir à luta pela classificação geral pelas equipas portuguesas. Por aquilo que tem acontecido ao longo do ano, tendo nós estado na discussão dos prémios por etapas todos, tirando a Volta ao Algarve, […] faz-nos aqui sonhar com a probabilidade de estar nessa situação também na Volta», acrescentou.
No entanto, o diretor desportivo do AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense considera que ainda «é um bocadinho cedo» para lançar uma candidatura ao primeiro lugar da geral, uma vez que a sua equipa «tem muita gente nova, muita gente que é a primeira vez que vai à Volta a Portugal».
«Eu, se estivesse do outro lado, adjetivava esta equipa como outsider perigoso. Agora, tenho a consciência de que não tenho um grupo tão maduro como têm a Anicolor ou a Efapel, embora a Efapel seja uma incógnita. Não sabemos muito bem qual será o ciclista deles que será o líder», notou.
Vidal Fitas concede, contudo, que os seus ‘pupilos’ são aqueles que mais luta têm dado à dominadora Anicolor-Tien21, onde estão os principais favoritos a ganhar a 86.ª edição, que começa na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa.
«O [Artem] Nych, porque é o último vencedor da Volta e é um ciclista forte. Defende-se bem na montanha, é forte no contrarrelógio. E o [Alexis] Guérin porque é aquele que se tem mostrado mais forte ao longo do ano. Também o Rúben Fernández é um ciclista bastante regular. O [Harrison] Wood também é bastante forte, embora ultimamente não tenha estado ao nível do que esteve no mês de abril, maio», enumerou.
O algarvio acredita que, para o pelotão que vai participar nesta edição, o percurso é «exagerado».
«A Volta a Portugal é sempre dura, tens sempre uma etapa como a Torre e a Senhora da Graça… […] o terreno nunca é fácil, mas acho que é exagerado para o pelotão que vamos ter. Se fosse um pelotão muito mais forte, digamos assim, com mais equipas, OK. Havia muita coisa a fazer. Agora, para um pelotão com 100 ciclistas…», notou.
Fitas ‘culpa’ a «luta muito grande pelos pontos» no escalão ProTeam – a Caja Rural será a única equipa do segundo escalão presente – pela ausência de formações de renome na prova portuguesa.
«Se quisermos ter mais qualidade, a Volta obrigatoriamente tem de subir de categoria. As equipas não vêm cá por cinco tostões. As grandes equipas, as grandes estrelas ou um pelotão de muito maior qualidade hoje vão às corridas que têm pontos disponíveis. Sei, por exemplo, que as equipas espanholas vão fazer clássicas no norte da Europa porque elas dão muito mais pontos. […] As organizações das corridas é que se têm de adaptar a isso», defendeu.
AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense: Afonso Silva (Por), Ailetz Lasa (Esp), David Jesús Peña (Col), Diogo Barbosa (Por), Diogo Pinto (Por). Francisco Campos (Por) e Miguel Salgueiro (Por).
Diretor desportivo: Vidal Fitas.
Fotos: Clube Ciclismo de Tavira
Barlavento