Bactérias com 50 milhões de anos podem ajudar à reciclagem limpa de baterias

Uma startup britânica acredita que a solução para reciclagem mais ‘verde’ de baterias pode estar em bactérias que surgiram na Terra há 50 milhões de anos. A Cell Cycle, que faz parte do SER Group, criou o método LithiumCycle que usa estes micróbios para ‘desmontar’ as baterias e ajudar na recuperação de minérios críticos como lítio, níquel e cobalto.
As bactérias em questão são responsáveis pela formação de metais há milénios e agora podem fazer parte de um processo que requer pouca energia e gera poucas emissões para reciclar estes componentes. A inspiração para este processo surgiu da ideia de que as bactérias são usadas há muitos anos para extração de minérios e também de que já foram usadas com sucesso para recuperar metais a partir de resíduos eletrónicos.
Max Nagle, que lidera a empresa, explica que “existe muito conhecimento, experiência e aplicação noutras indústrias, com as baterias a serem um tema de preocupação atualmente, por que é que ninguém adaptou este [processo] a algo tão produzido pelo Homem, como as baterias? As bactérias têm um registo comprovado em outras áreas e indústrias e são capazes de recuperar todos os tipos de minérios críticos que possamos pensar. Estas bactérias existem há mais tempo que a Humanidade, têm 50 milhões de anos e já moldaram as nossas costas, ilhas, a forma como os metais são formados e produzidos, e muito mais”, cita o Engineer Live.
O método sugerido passa pela instalação de um tanque biorreator onde o processo de separação acontece. Caso haja a necessidade de maior capacidade, só é preciso aumentar o tamanho deste tanque.
A Cell Cycle pretende explorar a possibilidade de aplicar a tecnologia numa instalação de refinamento e reciclagem de baterias sedeada no Reino Unido, algo que hoje não existe. A startup conta com apoios da Innovate UK e da Universidade de Coventry para aumentar a sua dimensão, estando a ultimar um segundo laboratório na sede em Manchester e com o objetivo de lançar um serviço comercial em 2026.
A bactéria usada pela Cell Cycle vive em ambientes à temperatura do corpo humano, 37 graus centígrados, o que significa que não necessita de muita energia para se manter. Os microrganismos são ainda capazes de se regenerar, alimentam-se de CO2 e acabam por devolver oxigénio ao sistema, num processo que não só é neutro em termos de carbono, como também é efetivamente negativo.
A abordagem inspirada na Natureza pode representar um grande avanço num mundo cada vez mais dominado por veículos elétricos e com um escrutínio cada vez maior para o abastecimento de minérios críticos.
Visao