Filipe Araújo não desiste, Pedro Duarte mantém porta aberta

A última sondagem sobre as eleições no Porto veio “agitar os ânimos” na corrida autárquica. Com os resultados a indicarem que Manuel Pizarro fica à frente nas intenções de voto, e com a direita dividida pela multiplicação de candidatos, o independente Filipe Araújo garante que vai até ao fim da corrida e recusa desistir, embora Pedro Duarte deixe a porta aberta a um entendimento que possa reforçar as suas hipóteses de conquistar a autarquia — e o PS já considere “natural” um acordo pós-eleitoral com Araújo.
Se à direita se admite que a sondagem do ICS/ISCTE divulgada pelo Expresso preocupa — e se junta à sondagens internas pedidas pelos partidos, que reforçam a mesma tendência de vitória do socialista — do lado de Filipe Araújo garante-se que não há margem de recuo. “O Filipe vai até ao fim, não há dúvida. E tem tudo para ter um bom resultado”, assegura uma fonte próxima do candidato, sendo que neste cenário o “bom resultado” seria apontar para um número bem mais ambicioso do que as últimas intenções de voto lhe apontam (5%).
À volta do vice de Rui Moreira, que ouviu um aviso do atual presidente da câmara quando este alertou que o movimento não deveria ser confundido com a nova candidatura — Moreira não quer prestar apoio público a nenhum dos candidatos –, a reação à sondagem é de algum desânimo, mas também de desconfiança. Argumentos: deste lado, desconfia-se de que uma autarquia como o Porto, que nas últimas três eleições preferiu um candidato independente a uma gestão partidária, venha a ter, como indicam estes resultados, uma preferência clara por PS, PSD e Chega, que surgem por esta ordem como os partidos que seriam, ao dia de hoje, mais votados.
Assim, entende-se que as atuais intenções de voto ainda refletem o contexto das legislativas, não estando os inquiridos ainda a responder pensando exclusivamente na eleição autárquica quando indicam os seus candidatos preferidos. No PS, também se ouvem sérias dúvidas sobre uma votação tão baixa para Araújo, uma figura conhecida na cidade e que serviu como “valete” ao executivo de Moreira durante os últimos mandatos.
O contra-argumento não é difícil de fazer: Filipe Araújo pode ser o herdeiro mais óbvio de Moreira, por ser seu vice e atual líder do seu movimento, mas não é Rui Moreira — e a preferência dos portuenses por uma gestão independente poderia ter muito a ver com o perfil do próprio presidente, e não pela questão da independência em si.
Sejam ou não os resultados muito próximos do que se vier a verificar em setembro, uma coisa é certa: nas cabeças de quem acompanha, nos partidos, estas eleições a matemática é simples e recorda-se que a pequena margem, mais curta do que nas suas sondagens internas, que agora separa Pedro Duarte (com uma projeção, a contar com a distribuição de indecisos, de 33% dos votos) de Manuel Pizarro (36%, segundo o mesmo critério) poderia ficar resolvida se se Filipe Araújo se juntasse à candidatura de Pedro Duarte, como chegou a ser convidado a fazer.
Ao Observador, uma fonte próxima do candidato do PSD é clara, reiterando que ainda “há margem e disponibilidade para estudar uma solução de compromisso“.
Pelo lado dos sociais democratas (que contam, de resto, com várias figuras da cidade que migraram para as listas de Araújo — e vice versa, com nomes associados ao consulado de Rui Moreira, como Francisco Ramos, a colaborarem com Pedro Duarte), continua a haver espaço para integrar Filipe Araújo na candidatura, tentando assim agregar um espaço que pode ter muitos potenciais eleitores em comum e encurtar a distância (indicada pelas sondagens) para Manuel Pizarro.
observador