França investiga o X por suposta parcialidade em algoritmo que permite interferência estrangeira

A polícia da França investiga a rede social X e seus executivos por supostamente manipularem seu algoritmo para permitir interferência estrangeira, anunciou a promotora parisiense Laure Beccuau nesta sexta-feira 11.
Elon Musk, proprietário do X, irritou os políticos europeus ao comentar sobre política interna, particularmente no Reino Unido e na Alemanha, onde apoiou publicamente o partido de extrema-direita AfD.
Na França, um parlamentar e um funcionário de alto escalão apresentaram queixas em janeiro à divisão de combate ao crime cibernético do Ministério Público de Paris, que incumbiu a gendarmaria de investigar o caso em 9 de julho.
O deputado pró-governo Éric Bothorel, que apresentou a primeira denúncia, alertou sobre “mudanças recentes no algoritmo do X” e “aparente interferência em sua gestão desde que Elon Musk o adquiriu” em 2022.
O parlamentar destacou uma “redução na diversidade de vozes e opiniões” que ia contra a garantia de um ambiente seguro e respeitoso nas mídias sociais.
Além disso, apontou para uma “falta de clareza nos critérios que levaram às mudanças de algoritmo e às decisões de moderação”, além de “intervenções pessoais de Elon Musk na gestão de sua plataforma”.
Tudo isso representa “um perigo real e uma ameaça às nossas democracias”, afirmou.
O semanário investigativo francês Le Canard Enchaîné noticiou em fevereiro que um diretor de segurança cibernética da administração pública havia apresentado a segunda denúncia.
O funcionário relatou uma “grande modificação” no algoritmo usado pelo X, “que hoje oferece uma grande quantidade de conteúdo político de ódio, racista, anti-LGBTQIA+ (ou) homofóbico, e que visa distorcer o debate democrático na França”.
A promotora afirmou nesta sexta-feira que a investigação foi aberta após “verificações e contribuições de pesquisadores franceses” e outros “elementos fornecidos por diferentes instituições públicas”.
Laurent Buanec, diretor do X na França, afirmou em 22 de janeiro que sua rede social tinha “regras rígidas, claras e públicas para proteger a plataforma de discursos de ódio” e combater a desinformação.
Ele alegou que o algoritmo foi “projetado de forma a evitar a oferta de conteúdo de ódio”.
CartaCapital