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Mariana Leitão confia em crescimento nas autárquicas

Mariana Leitão confia em crescimento nas autárquicas

A candidata única à liderança da IL, Mariana Leitão, considera que conquistar uma câmara municipal nas próximas autárquicas vai ser “muito difícil”, mas manifesta-se convicta de que o partido vai ter um resultado “bastante melhor” do que em 2021.

Em entrevista à agência Lusa antes da X Convenção Nacional da IL, em 19 de julho em Alcobaça, Mariana Leitão disse que o objetivo do partido nas eleições autárquicas de 12 de outubro vai ser crescer, mas não quis fixar uma meta eleitoral.

Questionada se conquistar uma presidência de câmara lhe parece exequível, Mariana Leitão respondeu: “Presidente de Câmara nesta fase acho muito difícil”.

“Agora, uma coisa é certa: nós vamos conseguir eleger. (…) Vamo-nos candidatar a mais câmaras, a mais assembleias municipais, a mais assembleias de freguesia do que há quatro anos. Portanto, parece-me que, comparativamente com há quatro anos, o nosso resultado será bastante melhor”, disse.

A candidata única à liderança da IL observou ainda que o partido vai integrar algumas coligações autárquicas — por exemplo, no Porto — e espera, por isso, estar presente em executivos camarários.

Sobre as eleições presidenciais, Mariana Leitão disse que o partido pretende apoiar alguém que represente “os ideais liberais” e recusou que tenha de ser necessariamente um membro da IL.

“Não acho que seja obrigatório ser um membro do partido ou não membro do partido. O que interessa é que seja alguém que tenha estas características, perceba a responsabilidade do cargo, o que é exigido a um Presidente da República, que saiba quando é que deve falar”, disse, remetendo uma decisão para depois da convenção.

Questionada se está descartado o apoio a qualquer dos candidatos presidenciais já anunciados, Mariana Leitão reiterou que “o objetivo primordial” da IL é ter alguém que represente os valores liberais.

“Nenhum dos candidatos que se apresentou até agora o faz e, portanto, tão pouco representa este espaço. E, portanto, à partida estarão sempre excluídos”, disse.

Numa análise às razões para o resultado do partido nas últimas legislativas – nas quais a IL só obteve mais um deputado do que em 2024, o que precipitou a demissão do ex-líder de Rui Rocha –, Mariana Leitão considerou que se deveu em parte a “fenómenos externos”, designadamente “episódios que foram acontecendo durante a campanha”, e ao facto de ter havido um foco grande na Spinumviva.

A nível interno, Mariana Leitão considerou que o partido pode não ter conseguido passar bem a sua mensagem, que às vezes é “tecnicamente complexa” e insiste na necessidade de reformas e mudança, o que “traz sempre alguma apreensão” e “precisa de ser desmistificado”.

Em termos de prioridades para a sua liderança, Mariana Leitão afirmou que pretende manter as bandeiras principais do partido — como a simplificação fiscal, a reforma do Estado ou o plano para a saúde –, mas também “abraçar outras áreas”.

Entre essas áreas, Mariana Leitão destacou a legislação laboral, frisando que a IL quer “tornar o mercado de trabalho mais flexível” por considerar que, atualmente, é “rígido” e faz com que a “maior parte das empresas opte por contratar em situações de maior precariedade”.

Outra das matérias nas quais a IL pretende igualmente investir é nas alterações à lei da greve, com Mariana Leitão a salientar que o partido não vai pôr em causa o direito à greve, “que está constitucionalmente garantido”, mas pretende garantir que as pessoas deixam de ser “constantemente prejudicadas pela greve”.

“Tem de haver uma lógica de serviços mínimos garantidos que permitam que as pessoas consigam, por exemplo, quando há uma greve de transportes públicos, chegar aos seus trabalhos”, disse, considerando injusto que, “por uma reivindicação de um conjunto de trabalhadores, todas as outras pessoas fiquem prejudicadas”.

A candidata única à liderança da IL promete votar contra propostas que atentem contra direitos, liberdades e garantias numa eventual revisão constitucional e quer “revitalizar o espírito combativo” do partido perante “fenómenos populistas”.

Mariana Leitão defende que uma revisão constitucional é necessária, não só para retirar “menções ideológicas” da lei fundamental, mas também para se “conseguir fazer a reforma do Estado” e garantir uma “total separação de poderes entre entidades”.

Questionada se tenciona contar com os votos do Chega numa eventual revisão constitucional, Mariana Leitão observou que o partido foi “eleito democraticamente”.

“Nós nunca tivemos a postura de ‘vem do partido A, então votamos contra’. Não, nós votamos as propostas. Se elas forem sérias, e nós virmos que têm aplicação prática e que resultam, aí contam com o nosso voto favorável”, afirmou.

No entanto, Mariana Leitão garantiu que o partido votará contra propostas que visem limitar ou “atentar contra direitos, liberdades e garantias” consagrados na Constituição da República.

“Vamos obviamente votar contra e, como nós, vários outros partidos. Portanto, a probabilidade dessas propostas poderem passar é nula. É nula”, assegurou.

Já interrogada sobre se a IL descarta à partida entrar em negociações com o Chega em matérias institucionais como a eleição de juízes do Tribunal Constitucional ou do provedor de Justiça, Mariana Leitão disse que cabe ao PSD definir com quem é que tenciona negociar essas matérias, que requerem a aprovação de dois terços de deputados, que só são atingidos caso PSD, PS e Chega se juntem ou, senão, PSD, PS e IL ou PSD, Chega e IL.

“Com quem é que o PSD está disposto a negociar? Há linhas vermelhas ou não há linhas vermelhas? A dúvida é essa. A IL está disponível para ouvir toda a gente”, afirmou, salientando que, para a IL, não é só a questão partidária que está em causa nesta matéria, mas também dos nomes propostos para cada cargo.

Sobre a sua visão para a IL, Mariana Leitão disse que, perante a “alteração profunda do ciclo político”, com a fragmentação do parlamento, o fim do bipartidarismo e a subida do Chega a maior partido da oposição, o partido precisa de voltar a uma “lógica mais combativa” dos fenómenos populistas.

“É isso que eu quero revitalizar: essa irreverência que nos era muito característica, um espírito mais combativo, porque os tempos assim o exigem”, afirmou Mariana Leitão.

Sem querer abandonar as bandeiras do partido, a candidata a líder da IL disse que pretende simplificar a sua mensagem, que reconhece ser “tecnicamente densa” e “nem sempre fácil de explicar”, para procurar mostrar aos portugueses que há um caminho alternativo, “que não passa nem pelo conformismo, nem pelas soluções fáceis do populismo”.

Existe “uma enorme insatisfação nas pessoas e por isso é tão fácil as pessoas olharem para eventuais soluções milagrosas e pensarem: ‘se calhar é este o caminho’. Mas não é, porque depois há o vazio e a inconsequência. O que nós queremos é mostrar às pessoas que há um caminho concreto”, disse.

Questionada se esse espírito combativo que pretende revitalizar também se aplica às relações da IL com o Governo, Mariana Leitão respondeu que isso depende do que o executivo estiver disposto a fazer.

“O Governo quer mesmo fazer alguma coisa pelo país ou quer governar tentando não mexer em praticamente nada para garantir que, quando forem eleições daqui a uns anos, as eleições lhes correm bem? (…) O que se exige ao Governo é que faça. Se fizer, nós estaremos cá para propor, para ajudar”, disse, apesar de considerar que os sinais dados pelo executivo têm sido negativos.

observador

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