Um dia de transição para todos, menos para o irishman

Remco e Tadej, Tadej e Remco. Neste sentido, o contrarrelógio de Caen não trouxe grandes surpresas, com os dois campeões do mundo de elites a superarem toda a concorrência e a terminarem o dia como os principais beneficiados. Por um lado, Evenepoel (Soudal Quick-Step) voou para a vitória na sua especialidade e, apesar de ter ganhado apenas 16 segundos ao esloveno, subiu ao segundo lugar da geral. Por outro lado, Pogacar (UAE Team Emirates-XRG) voltou a mostrar toda a sua qualidade em qualquer tipo de terreno, bateu-se com o belga, terminou a quinta etapa no topo da classificação geral e ganhou mais de um minuto a Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), que foi o principal derrotado do dia. João Almeida (Emirates) fez uma prova regular — ao seu estilo — e subiu mais um lugar na geral, para o sétimo posto.
“Nunca podes dizer que ganhaste o Tour à 5.ª etapa, na primeira semana. Mas, honestamente, não esperava ganhar tempo em relação ao Jonas. Estou muito feliz por ter ganhado tempo em relação ao Jonas e aos outros ciclistas da classificação geral, perdendo um pouco para o Remco, mas no geral posso estar muito feliz e vamos continuar a defender esta diferença. Eu precisava de ganhar confiança. Fiz um bons treinos de contrarrelógio e simulei a corrida algumas vezes. Acreditei mais em mim hoje [quarta-feira]. Comecei mais rápido do que no Dauphiné, onde comecei muito devagar e forcei demasiado na subida. Consegui manter um ritmo muito bom e dei o meu melhor”, explicou Pogacar aos jornalistas, numa altura em que o seu regresso à Volta a Espanha é dado como praticamente certo.
“Simplesmente não tive pernas. Perdi um pouco de tempo, mas as minhas pernas não estavam bem. O resultado reflete a sensação nas minhas pernas. Lutei contra as minhas pernas e a minha bicicleta. Fiquei surpreso com as minhas pernas, mas às vezes isso faz parte do ciclismo. Felizmente, o Tour ainda é longo. Ainda acredito em mim e no meu plano. Ainda acredito que podemos vencer. A diferença agora é de cerca de um minuto. Parece muito à primeira vista, mas sabemos, pelos últimos anos, que o Tour foi vencido com uma diferença maior do que isso”, partilhou Vingegaard, com Grischa Niermann, diretor desportivo da Visma, a garantir que a equipa terá de “atacar mais”.
???? 3,550 m of D+ await the peloton on a day that will be no stroll in Normandy!
???? 3.550 m de D+ attendent le peloton pour cette journée qui n'aura rien d'une promenade normande ! #TDF2025 pic.twitter.com/S96gBtulTg
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Para a despedida da Normandia, o pelotão tinha pela frente uma ligação de 201,5 quilómetros entre Bayeux e Vire-Normandie, cidades que estão a apenas 51 quilómetros de distância. Com 3.550 metros de desnível acumulado, a sexta etapa era perfeita para os baroudeurs, com seis contagens de montanha, duas delas nos últimos 30 quilómetros. Para além disso, o final apareceu com uma dura rampa de 700 metros a 10,2%, com a inclinação a chegar aos 14%. Pela primeira vez desde 2011, um ciclista para uma tirada do Tour na liderança da geral, dos pontos e da montanha, com Pogacar a juntar o seu nome ao de Philippe Gilbert.
Ainda assim, a liderança do esloveno na camisola verde durou pouco tempo, já que, no sprint intermédio, que apareceu logo aos 22 quilómetros, Jonathan Milan (Lidl-Trek) foi o mais rápido e regressou virtualmente ao primeiro lugar. Mais à frente foi a vez de Tim Wellens “roubar” a camisola das bolinhas ao companheiro de equipa, ao ser primeiro na Côte de la Rançonnière. Com o ritmo alto, a fuga teve bastantes dificuldades, estabelecendo-se a meio da etapa, com Simon Yates (Visma), Ben Healy (EF Education-EasyPost), Quinn Simmons (Lidl-Trek), Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck), Michael Storer (Tudor), Eddie Dunbar (Jayco AlUla), Will Barta (Movistar) e Harold Tejada (XDS Astana). Foi aí que o antigo campeão do mundo recuperou, virtualmente, a amarela perdida no contrarrelógio.
47,4km/h
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for the last 2 hours / sur les 2 dernières heures.
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A 40 quilómetros da meta, Healy decidiu partir o grupo da frente e atacou a solo, com apenas Simmons e Storer a liderarem a perseguição, mais à frente. A vantagem do inglês que se naturalizou irlandês aos 16 anos continuou a aumentar até ao fim, pelo que a sua vitória estava garantida. Assim, Ben Healy somou a sua primeira vitória de sempre no Tour e juntou-a ao triunfo no Giro de 2023, ficando, assim a uma vitória na Vuelta de completar a trilogia. Para além disso, o ciclista da EF Education somou a 10.ª vitória e o 50.º top 10 na sua carreira, aos 24 anos. Na luta pelo segundo lugar, Simmons bateu Storer. Van der Poel cortou a meta a 3.58 minutos de Healy. No pelotão, que entrou a 5.27, Pogacar ainda tentou ganhar tempo à concorrência direta, mas Vingegaard segurou bem a sua roda e impediu qualquer corte. Ainda assim, Santiago Buitrago (Bahrain-Victorious), Enric Mas (Movistar), Primoz Roglic (Red Bull-Bora-hansgrohe) e João Almeida perderam cinco segundos.
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Ben Healy se exhibe en la sexta etapa, su primera victoria en el Tour, y Mathieu van der Poel vuelve a engalanarse con el maillot amarillo.
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Quanto à geral, a recuperação final do pelotão quase que manteve a amarela no corpo de Tadej Pogacar, que caiu para o segundo lugar, a um segundo de Mathieu van der Poel. Remco Evenepoel está no terceiro lugar, a 48 segundos. João Almeida continua no sétimo lugar por apenas dois segundos, já que a vitória de Ben Healy permitiu-lhe subir ao oitavo posto, a 2.01 minutos, contra o 1.59 do português. Kévin Vauquelin (Arkéa-B&B Hotels), a um minuto, Jonas Vingegaard, a 1.14, e Matteo Jorgenson (Visma), a 1.23, completam o top 8.
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