Os Anjos entre sucessos, falhas de energia e fãs dedicados

Quando o contador chega ao fim, os ecrãs revelam um vídeo que introduz a Tour 2.5. “25 anos de história, uma viagem no tempo”, pode ler-se enquanto, em cima do palco, um guitarrista, um baixista, um teclista e um baterista já tocam os primeiros acordes. Abrem-se então duas portas no centro do ecrã principal e surgem duas figuras de branco.
Quero Voltar é o tema que inaugura a noite e faz com que as rulotes de comes e bebes se vão esvaziando para que as pessoas se concentrem na zona do concerto. Segue-se Perdoa e Ficarei, canções dos anos 90 que toda a gente conhece. O público canta enquanto enverga no ar bastões néon com cerca de 50 centímetros que vão sendo distribuídos. Soltam-se confetti brancos e há quatro chamas que se erguem do palco por breves segundos.
Os dois cantores continuam a sequência com Quero Acreditar (ao Amanhecer), Virar a Página, A Noite Cai (e Eu Aqui) e Como Um Anjo.
As canções são encadeadas de forma rápida, sem pausas. Sérgio Rosado coloca a guitarra, tira a guitarra, bebe água durante uma breve sequência instrumental enquanto o irmão enxuga a cara numa toalha, ambos saltam de um lado para o outro e reproduzem excertos de coreografias que também os tornaram conhecidos no início da carreira. O ritmo é intenso — e será assim mantido pelos dois durante todo o concerto.
Após Há-de Haver Onde Começar e Tudo é Um Sonho, os Anjos dirigem-se pela primeira vez ao público. “Boa noite, Alfragide”, diz Sérgio. “Esta é uma digressão baseada em canções que marcaram o nosso caminho até aos dias de hoje. Mas, acima de tudo, é uma tournée em que olhamos para a frente e pensamos no que ainda falta fazer.”
Apesar de celebrarem este ano 26 anos de carreira, continuam a apresentar o espetáculo que criaram para os 25 anos porque, explica Sérgio, num ano não tiveram tempo para chegar a todos os cantos do País. “Quem é que esteve na Meo Arena? Esta é uma versão um bocadinho mais pequena.”
Dá para perceber que o alinhamento, a cadência e as passagens foram pensadas, ensaiadas e estão perfeitamente automatizadas — os Anjos não se limitam a dar ao público uma dúzia de temas conhecidos e, com isso, conseguem que ninguém abandone o local até ao fim.
Cátia Ferreira veio sozinha mas vai reconhecendo, aqui e ali, algumas caras que são frequentes nos concertos da banda. “É muito importante mostrar-lhes apoio, eles dão-nos tanto. Tenho 42 anos, portanto são meus contemporâneos. E nunca desiludem nos espetáculos.”
Há quem dance, há quem grite o nome deles, outros trauteiam apenas alguns refrões. Marta e Fernando Pires nem conhecem grande coisa, estavam às compras no Ikea (do outro lado da estrada) quando viram luzes no Parque da Ribeira. “Decidimos passar aqui antes de seguir para casa. Não sabíamos quem ia atuar, nunca os tínhamos visto, mas acho que cantam muito bem”, refere Marta. Quanto ao resto? “Não sei, parece-me estranho da parte deles. Mas vai passar.”
Se Tu Não Estás, tema que fizeram com Diogo Piçarra, leva os Anjos de volta aos bastidores. As T-shirts e camisas brancas e as calças beges são trocadas por looks menos angelicais. Nelson reaparece com uma uma camisa preta com folhagens, enquanto Sérgio enverga uma T-shirt preta.
“Os dois, os dois sem gritar”, entoam os irmãos. O público conhece bem Para Longe e acede sempre que são pedidos braços no ar ou palmas.
observador