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"Superman": o super-cão Krypto quase rouba o filme

"Superman": o super-cão Krypto quase rouba o filme

Krypto, o cão do Super-Homem, que tal como ele veio de Krypton, já protagonizou uma série de desenhos animados, e apareceu nas séries de televisão Smallville e Superman & Lois, bem como no streaming em Titans e na animação de longa-metragem DC Liga dos Super-Pets. O canídeo com superpoderes faz agora a sua estreia no cinema de imagem real em Superman, de James Gunn, a nova incarnação das aventuras do Homem de Aço. E o mínimo que podemos dizer é que ele praticamente “rouba” o filme ao dono (ao contrário do que aqui é mostrado, Krypto pertence a Super-Homem e não à Supergirl).

[Veja o “trailer” de “Superman”:]

Krypto é como que um primo do Pluto de Walt Disney dotado de poderes extraordinários, e tal como este, é traquinas, propenso a meter-se em confusões e por vezes muito inconveniente. Mas é também fidelíssimo a Super-Homem e sem pinga de medo quando se trata de combater os vilões e os seus comparsas, sejam eles máquinas ou de carne e osso. Quer se atire sobre Super-Homem para brincar quando este precisa é de ajuda e não de lambidelas na cara, quer anule uma a uma as câmaras voadoras de Lex Luthor, ou o abocanhe e faça dele gato-sapato, Krypto traz alegria, leveza e bom-humor a Superman, embora isso não chegue para atenuar o inescapável gigantismo visual alimentado a efeitos especiais, e os lugares-comuns formais e narrativos destas fitas.

[Veja uma entrevista com James Gunn:]

Em Superman, escrito e realizado por Gunn (Guardiões da Galáxia, O Esquadrão Suicida), e com David Corenswet a estrear-se, simpaticamente, no papel do Homem de Aço, Super-Homem é vítima de uma intrincada conspiração montada por Luthor (um Nicholas Hoult novo demais para a personagem), a que não falta o recurso à manipulação das redes sociais e às fake news, para o desacreditar totalmente perante os cidadãos de Metropolis, e toda a humanidade; e depois o eliminar e ter um país com o seu nome, Luthoria (Sara Sampaio faz de Eve, a namorada escultural e burra do vilão, que não pára de tirar selfies em todo o lado), onde irá criar uma utopia tecnologicamente avançada e belicista.

[Veja uma entrevista com David Corenswet e Rachel Brosnahan:]

O enredo da fita é atarefadíssimo. Envolve uma guerra entre dois países fictícios, o trio do Gangue da Justiça, um monstro kaiju que parece saído de Pokémon, o misterioso Ultraman que sova Super-Homem, o exército particular high tech de Luthor (que inclui a temível Engenheira, uma latina de mau feitio cujos poderes brotam de um corpo mutante por via nanotecnológica), um sujeito que consegue transmutar elementos químicos no seu corpo e o seu filho bebé, e muita ciência vistosa e disparatada, entre universos de bolso e rasgões enormes abertos no tecido da realidade (há ainda um tosco e ridículo subtexto “woke” envolvendo a condição extraterrestre de Super-Homem e a sua prisão pelo governo, qual imigrante ilegal, e que politiza forçadamente o filme). Só falta mesmo a James Gunn, e como se costuma dizer, atirar a pia da cozinha ao barulho.

[Veja uma entrevista com Nicholas Hoult:]

No seu melhor, Superman é reminiscente dos quatro filmes originais do Homem de Aço realizados por Richard Donner, Richard Lester e Sidney J. Furie, com Christopher Reeve no papel do título. Sobretudo na definição da personalidade do Homem de Aço (um tipo intrinsecamente bom e puro que usa os seus superpoderes extraterrestres para combater o mal, o crime e a injustiça) e da sua relação sentimental com Lois Lane (Rachel Brosnahan), nalguns cenários como a Fortaleza da Solidão (agora servida por robôs) e num sentido de humor, até mesmo numa certa descontracção que por vezes chega a roçar a paródia ao próprio formato do filme de super-heróis, recordando o que James Gunn fez nos citados Guardiões da Galáxia.

[Veja uma sequência do filme:]

Só que o peso das convenções do género, o rápido esgotamento da plausibilidade do enredo, a hipertrofia vertiginosa e tirânica dos efeitos especiais, e o massacre sonoro, desequilibram o filme. Donner, Lester e Furie podiam não ter computadores e software de ponta, mas além de um carismático Christopher Reeve que incorporou Super-Homem como mais nenhum outro ator, conseguiam a necessária espectacularidade e a sensação de maravilhoso usando fios, miniaturas, imagens sobrepostas e outras trucagens pré-digitais, sem abusarem dos olhos e dos ouvidos dos espectadores e mantendo a suspensão da descrença — ao contrário de James Gunn. O pior dos filmes de super-heróis pesa mais em Superman do que o que Gunn recupera de bom do quarteto original.

Quanto a Krypto, para ele, tudo, tudo, tudo! O super-cão da capinha vermelha e de espírito folgazão é um compósito digital e em 3D feito a partir de um cãozinho real chamado Jolene, e de Ozu, o próprio cão de James Gunn, e merece o mais alto e tenro super-corte do melhor lombo que se vende no mais exclusivo e caro talho de Metropolis. Pluto, Snoopy e Lassie, roam-se de inveja.

observador

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