Bolsas da Europa em queda generalizada com crise em França e PSI não foge à regra

Terça-feira negra para os mercados europeus e o PSI não foi exceção. O índice da bolsa de Lisboa caiu -0,71% para 7.860,91 pontos arrastado pelo tombo das ações da Mota-Engil (-3,82% para 4,838 euros) e dos CTT (-3,10% para 7,49 euros). Os CTT estão entre as maiores quedas no PSI, depois de ontem à tarde terem revelado que vão suspender as entregas de encomendas para os EUA, devido à descontinuação da isenção de direitos aduaneiros sobre mercadorias importadas em solo americano.
Outro desaire foi o tombo das ações do BCP de -2,21% para 0,7520 euros o que é explicado pelo facto de o setor da banca ter sido o mais castigado da Europa e a arrastar o sentimento um pouco por todas as bolsas europeias. A banca sentiu a pressão de Paris e um pouco por toda a Europa liderou as perdas, destacam os analistas da MTrader.
Destaca-se nas perdas do PSI ainda a Corticeira Amorim com uma queda de -1,53% para 7,74 euros.
A NOS recebeu um upgrade da casa de investimento Sadiff Investments (que dá agora um preço-alvo de 3,544 euros), mas nem por isso subiu, já que perdeu 0,63% para 3,96 euros.
Num cabaz de 15 cotadas, só três fecharam a subir (EDP Renováveis, EDP e Ibersol). A EDPR subiu +0,48% para 10,42 euros.
As bolsas europeias fecharam em baixa esta terça-feira, marcadas pela instabilidade política em França, depois do primeiro-ministro François Bayrou ter anunciado que vai apresentar uma moção de confiança a 8 de setembro, numa tentativa de apoio às suas propostas orçamentais. O CAC 40 caiu 1,64% para 7.714,15 pontos
O governo francês está em em risco de colapso com voto de confiança orçamental em Setembro. A iniciativa, arriscada, pode ditar o fim do seu mandato e já está a provocar nervosismo nos mercados financeiros.
A corretora XTB desenvolveu uma análise acerca dos mercados financeiros europeus que registam quedas expressivas, com Paris a liderar as perdas, pressionada pela crise política em França e pelo risco de descontrolo orçamental.
“França tem registado também uma crescente incerteza em torno dos ativos do país. A isto somam-se os dados mais recentes, que revelam a subida mais acentuada dos preços dos bens alimentares desde fevereiro de 2024, reforçando as preocupações”, dizem os analistas da XTB.
O Stoxx 600 recuou 0,80% e o EuroStoxx 50 perdeu 1,11% fechando nos 5.383,7 pontos.
Olhando para as praças europeias, Londres caiu 0,60% para 9.265,8 pontos; o alemão DAX perdeu 0,50% para 24.152,9 pontos; Milão fechou a cair 1,33% para 42.654,95 pontos; o espanhol IBEX desceu 0,96% para 15.119,3 pontos. Grécia também em forte queda de 1,87% e Holanda idem a cair 0,68%.
O que é certo é que paira sobre os três grandes países europeus (Reino Unido, Alemanha e França) paira um fantasma de desaire económico, o que não ajuda ao sentimento.
O Sunday Telegraph avançou alertas de economistas de renome de que o Reino Unido caminha para uma crise da dívida semelhante à dos anos 70 e para um resgate financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Um antigo membro do Banco de Inglaterra, afirmou ao jornal que os custos dos empréstimos no Reino Unido são mais elevados do que na Grécia e que haverá um colapso económico a não ser que o ministro das Finanças reverta a situação.
A ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, foi aconselhada a cortar drasticamente os gastos públicos para evitar que a Grã-Bretanha precise de um resgate financeiro semelhante ao da década de 1970. Já o ministro francês da Economia, Finanças, Segurança Industrial e Digital, Eric Lombard, lançou a indicação, esta terça-feira, de que há um risco de o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter de intervir na economia se o governo minoritário do primeiro-ministro François Bayrou cair no mês que vem.
A economia Alemanha também não está melhor já que contraiu 0,3% no segundo trimestre em comparação com os três primeiros meses do ano. “O Estado social que temos hoje não pode mais ser financiado com o que produzimos na economia“, disse Merz durante uma conferência esta semana.
As tarifas dos Estados Unidos e os gastos com despesa estão a afundar a economia dos três países e isso reflete-se no mercado de capitais.
Do outro lado do Atlântico as encomendas de bens duradoiros nos EUA terão aumentado 1,1% em julho e dão sinais de força. Também as encomendas e equipamentos, um barómetro da renovação empresarial subiram 1,1% e 0s embarques (importante no cálculo do PIB governamental) cresceram 0,7% segundo a MTrader, As remessas de bens de capital não relacionados com a defesa, incluindo aeronaves, subiram 3,3% em julho.
Nas commodities os preços do ouro atingiram um máximo de duas semanas nas primeiras horas da sessão de terça-feira. Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe diz que esta subida reflete o enfraquecimento do dólar norte-americano e uma maior procura por ativos de refúgio.
O euro avança 0,30% para 1,1653 dólares.
O mercado de dívida revela uma queda das bunds alemãs (10 anos) de 3,38 pontos base para 2,72%. Ao contrário a dívida do Reino Unido está com os juros a 10 anos a dispararem (+4,81 pontos base para 4,74%).
Portugal tem os juros em queda de 4,95 pontos base para 3,15%.
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