Novo governo alemão vai deparar-se com mercados em alta mas travão da dívida é barreira
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As eleições deste domingo chegaram num momento de incerteza económica e política para a Alemanha. O PIB da maior economia da Europa registou, em 2024, uma contração pelo segundo ano consecutivo, ao passo que as previsões apontam a um crescimento marginal para este ano, pelo que o contexto está longe de ser favorável.
Ao mesmo tempo, é sabido que o travão da dívida marcou a agenda política e económica da última legislatura, por limitar o investimento público num período conturbado para a maior economia da zona euro.
Os mercados reagem esta segunda-feira aos resultados e os olhares incidem também nas futuras decisões do próximo governo, a par do respetivo impacto na estabilidade financeira, nas bolsas e a perceção internacional do motor económico da Europa.
É com este pano de fundo que o principal índice alemão (DAX) registou uma valorização superior a 13% desde o início do ano e atingiu um máximo histórico durante a manhã da passada quarta-feira, acabando por recuar ligeiramente, nas vésperas das eleições realizadas no domingo.
Os números são reflexo da confiança dos investidores nas empresas cotadas naquele índice, apesar das dificuldades vividas em vários setores da economia alemã e que são notórias, por exemplo no setor automóvel. Por outro lado, os recentes desenvolvimentos à escala global deram força a uma outra vertente, que também tem grande peso nos mercados europeus.
Setor da defesa levou Alemanha a novos máximos
O contexto geopolítico, com os avisos feitos por Donald Trump no que respeita à guerra entre Ucrânia e Rússia, gerou um alerta em Bruxelas e valorizações em determinadas cotadas europeias do setor da Defesa.
A Comissão Europeia determina uma meta de investimento em Defesa na ordem de 2% dos respetivo PIB e os Estados-membros veem-se forçados a dar resposta à posição tomada pelo presidente norte-americano. Esta ideia leva a crer que várias empresas vão fazer maiores investimentos, com apoios dos países, que procuram reforçar a proteção das respetivas fronteiras.
Foi com isto em vista que, na segunda-feira passada, os mercados reagiram às palavras de Trump. As subidas de 14% na cotação de mercado da Rheinmetall e 19% na Thyssenkrupp, ambas cotadas na bolsa de Frankfurt, refletiram um mercado alemão animado no que respeita à Defesa.
O que é e para que serve o travão à dívida
A Alemanha enfrenta um clima económico de dificuldades, ao mesmo tempo que perde espaço na economia global, à semelhança do que acontece com a zona euro. Uma das possibilidades que tem sido discutida para contrariar a tendência passa pelo aumento do investimento do Estado alemão, pelo que se levanta um debate político sobre o travão da dívida.
Em causa está uma norma que limita o défice orçamental alemão, na medida em que este deverá ser inferior a 0,35% do PIB nominal. Significa isto que o governo em funções, seja ele qual for, fica limitado no volume de despesa do Estado e, por consequência, nos estímulos que pode lançar do ponto de vista orçamental e monetário.
jornaleconomico