Justiça italiana condena dirigentes de empresa por derramamento de produtos químicos na água

Um tribunal italiano condenou 11 dirigentes de uma empresa química nesta quinta-feira (26) por despejarem PFAS, substâncias conhecidas como “químicos eternos”, na água utilizada por centenas de milhares de pessoas.
As penas mais elevadas, de 17 anos, foram para dois dirigentes da companhia Miteni, localizada na cidade de Trissino, perto de Vicenza (nordeste), que produzia PFAS desde 1968.
De acordo com a promotoria, a fábrica lançou águas residuais carregadas de produtos químicos em um córrego, poluindo por mais de 40 anos uma das maiores bacias de águas subterrâneas da Europa, que abrange uma ampla área entre Vicenza, Verona e Pádua.
Os PFAS (substâncias perfluoroalquil e polifluoroalquil) têm sido usados desde o final da década de 1940 para tornar antiaderentes e impermeáveis as superfícies de diversos tipos de objetos, desde frigideiras e guarda-chuvas até tapetes e fio dental.
Várias empresas operaram sucessivamente a fábrica de Trissino, que fechou em 2018 após declarar falência.
Ao todo, 15 executivos de Mitsubishi, da International Chemical Investors (ICIG) e da Miteni foram acusados de poluir quase 200 km² de água potável e do solo ao redor.
O tribunal foi além das alegações da promotoria e condenou 11 pessoas a um total de mais de 141 anos de prisão, com sentenças que variam de dois anos e oito meses a 17 anos. Quatro foram absolvidas.
Mais de 300 demandantes se apresentaram como partes civis, incluindo o Greenpeace e um grupo de mães que descobriu traços de substâncias químicas no sangue de seus filhos.
Os chamados “químicos eternos”, denominados desta forma por serem praticamente indestrutíveis, acumulam-se no ar, no solo e na água, segundo estudos, e podem ter efeitos nocivos na fertilidade e levar ao câncer em caso de exposição prolongada.
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IstoÉ