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Descobertas surpreendentes sobre traços de personalidade sombrios apontam para novas maneiras de combater a depressão

Descobertas surpreendentes sobre traços de personalidade sombrios apontam para novas maneiras de combater a depressão

Uma nova pesquisa mostra que o maquiavelismo e o narcisismo podem ajudar a superar distúrbios psicológicos mudando a maneira como as pessoas pensam sobre traços de personalidade "negativos".

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Contrariando a crença popular sobre a nocividade dos traços de personalidade sombrios, pesquisas recentes em psicologia estão revelando seu inesperado potencial protetor. Um importante estudo realizado em um laboratório da Queen's University Belfast, na Irlanda do Norte, está revolucionando nossa compreensão da relação entre maquiavelismo, narcisismo, psicopatia e saúde mental. Cientistas descobriram que aspectos desses traços tradicionalmente estigmatizados podem servir como amortecedores eficazes contra a depressão, oferecendo novos insights sobre os mecanismos de resiliência psicológica.

A equipe de pesquisa conduziu uma análise abrangente de 343 entrevistados adultos com idade média de 30 anos, utilizando uma abordagem inovadora de rede para examinar as relações entre os traços da "tríade sombria" e os sintomas depressivos. Os resultados foram contraintuitivos: a determinação maquiavélica, um traço associado ao pensamento estratégico e à orientação para objetivos, apresentou uma correlação negativa significativa com os sintomas depressivos. Os participantes com pontuações altas nessa escala não apenas utilizaram estratégias de enfrentamento flexíveis com mais frequência, como também apresentaram resultados significativamente melhores em escalas de saúde mental.

De particular interesse é o mecanismo descoberto de interação entre diferentes aspectos dos traços sombrios. A atividade maquiavélica, caracterizada pelo pragmatismo e pela capacidade de planejamento estratégico, mostrou-se intimamente associada à extroversão narcisista (autoconfiança e assertividade), formando uma espécie de "dueto protetor" contra a depressão. Notavelmente, a extroversão narcisista em si não reduziu diretamente o nível de depressão, mas intensificou o efeito protetor dos traços maquiavélicos. Essa descoberta refuta a crença generalizada de que todos os componentes da tríade sombria são igualmente prejudiciais à saúde mental, demonstrando uma dialética complexa de características de personalidade.

O quadro oposto foi demonstrado pelos aspectos desadaptativos dos traços sombrios – antagonismo narcisista (arrogância e falta de empatia) e psicopatia secundária (impulsividade e instabilidade emocional). Essas qualidades, como esperado, foram associadas a níveis aumentados de depressão, ansiedade e estresse, confirmando as ideias tradicionais sobre seu impacto destrutivo na psique.

“Isso muda o paradigma para a compreensão dos traços obscuros”, explica a pesquisadora Michaela McIlvenna. “Tendemos a considerá-los um fator de risco monolítico, mas nosso estudo mostra que componentes individuais podem atuar como recursos psicológicos.”

Os cientistas enfatizam que estudaram as manifestações de traços obscuros na faixa subclínica — em pessoas comuns, e não em pessoas com transtornos de personalidade diagnosticados.

A importância prática do estudo é difícil de superestimar. Ele sugere a reconsideração das abordagens psicoterápicas, levando em consideração as potenciais funções protetoras de certos traços de personalidade. Por exemplo, o desenvolvimento do pensamento estratégico e da determinação (aspectos do maquiavelismo) pode se tornar uma nova direção na terapia cognitivo-comportamental para a depressão. Ao mesmo tempo, o trabalho alerta contra a romantização simplista dos traços obscuros — seu potencial adaptativo só se concretiza em certas combinações e contextos.

As limitações do estudo, relacionadas ao uso de autorrelatos e ao delineamento transversal, abrem caminhos para pesquisas futuras. Estudos longitudinais poderiam esclarecer se a resiliência é moldada por traços obscuros ou se estados mentais positivos facilitam o desenvolvimento de seus aspectos adaptativos.

“Nossos resultados não justificam comportamentos manipuladores ou antissociais”, enfatiza McIlvenna, “mas nos fazem refletir sobre a complexidade da personalidade humana. O que parece uma desvantagem em um contexto pode ser um recurso de sobrevivência em outro.”

Como observam os cientistas, a psicologia moderna está gradualmente se afastando dos rótulos avaliativos de qualidades “boas” e “más”, caminhando em direção a uma análise mais sutil de suas funções adaptativas no complexo mundo moderno.

mk.ru

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