13 ministros da era Trudeau sobrevivem à reforma do gabinete de Carney

Quando o primeiro-ministro Mark Carney revelou seu novo gabinete esta semana, havia 15 rostos novos no grupo. Havia também 13 que haviam servido no gabinete anterior de Justin Trudeau.

Carney insiste que seu gabinete encontra o equilíbrio certo entre "novas perspectivas" e vozes experientes, mas os críticos da oposição têm aproveitado os remanescentes da era Trudeau como evidência de que o novo governo liberal representa mais do mesmo.

"Há muitas mudanças neste gabinete, por necessidade", disse Carney após a cerimônia de posse na terça-feira, no Rideau Hall. "Os canadenses votaram pela mudança, e parte dela é trazer essas novas perspectivas."

"Mas também significa que metade do gabinete tem experiência", acrescentou. "Talvez eles estivessem em funções diferentes, mas estarão à mesa... Meio a meio, para mim é perfeito."

Muitos desses veteranos assumiram papéis que serão fundamentais na tentativa de Carney de implementar sua agenda, principalmente na transformação da economia do Canadá diante das ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump.

Anita Anand, que ocupou vários cargos ministeriais no governo Trudeau, é uma das ministras que lideram as relações Canadá-EUA em sua função como ministra das Relações Exteriores. O ministro das Finanças, François-Philippe Champagne, e o ministro do Comércio Canadá-EUA, Dominic LeBlanc, mantêm cargos semelhantes, assim como a ministra dos Transportes e Comércio Interno, Chrystia Freeland.

O Ministro da Defesa, David McGuinty, e Gary Anandasangaree, que assume a pasta da Segurança Pública, também são ex-ministros de Trudeau, assim como a nova Ministra da Indústria, Mélanie Joly.

Sean Fraser, Steven Guilbeault, Patty Hajdu, Steven MacKinnon, Joanne Thompson e Rechie Valdez também são remanescentes do gabinete anterior.

Essa continuidade levou o líder conservador Pierre Poilievre a criticar a bancada de Carney por sua semelhança com a do ex-primeiro-ministro.

"A primeira decepção, infelizmente, é o seu gabinete", disse Poilievre na terça-feira. "Ele nomeou a antiga equipe de Trudeau e os antigos conselheiros de Trudeau."

A vice-líder conservadora, Melissa Lantsman, publicou uma foto nas redes sociais mostrando as primeiras filas na cerimônia de posse do novo gabinete na terça-feira. A plateia era composta apenas por ministros que também faziam parte do gabinete de Trudeau.

"Não, você não está enganado, essa foto é de hoje", brincou Lantsman.

Guilbeault disse a Nil Köksal no programa As It Happens da Rádio CBC que o gabinete precisa de experiência e sangue novo.

"Se você se livrasse de todos os ministros anteriores, muitas pessoas diriam: 'Essas são todas pessoas novas, onde estão todas as pessoas que têm experiência no gabinete?'", disse Guilbeault.

Stéphanie Chouinard, professora associada de ciência política no Royal Military College em Kingston, Ontário, disse que os novos rostos são necessários para mostrar aos canadenses que um novo capítulo começou — mas os novatos devem começar a trabalhar imediatamente.

Ao mesmo tempo, os ministros que retornam precisarão mostrar que têm o que é preciso para cumprir seus novos mandatos.

"Caberá a cada um desses ministros mostrar que consegue levar adiante o mandato que lhes foi confiado", disse Chouinard. "Se não cumprirem, acho que ouvirão o chefe mais cedo ou mais tarde."

Dois dos principais ministros de Carney, Anand e Fraser, anunciaram suas intenções de deixar a política federal antes da eleição. Agora, eles atuam como ministros das Relações Exteriores e da Justiça, respectivamente.

Fraser, que comandou as pastas de habitação e imigração sob o comando de Trudeau, anunciou sua saída em dezembro devido à pressão que o cargo colocava em sua vida familiar.

Anand era presidente do Conselho do Tesouro, função que, segundo ela, era fundamental para controlar os gastos do governo federal. Ela planejava retornar à sua carreira anterior como professora de direito quando Trudeau renunciou, mas mudou de ideia quando a maré começou a virar para os liberais sob a liderança de Carney.

O novo gabinete tem 29 ministros, incluindo Carney, com oito deputados novatos indo direto para a primeira fila. Eles serão apoiados por 10 secretários de Estado.

Carney disse na terça-feira que quer que seu gabinete reflita o Canadá "em toda a sua diversidade, grandeza e experiência".

"Não quero um gabinete que seja só a minha cara", disse ele.