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Juízes e promotores enfrentam Bolaños, que se recusa a retirar suas reformas.

Juízes e promotores enfrentam Bolaños, que se recusa a retirar suas reformas.

O desafio parece estar se concretizando na forma da sexta greve de juízes nesta democracia, com a adesão do Ministério Público. Como prelúdio a esta greve de três dias, hoje eles se reúnem em frente ao Supremo Tribunal Federal, símbolo da mais alta instituição da justiça.

Os organizadores são cinco das sete associações de juízes e promotores, todas, exceto as duas progressistas. O motivo da greve é ​​a oposição às duas reformas do sistema judiciário anunciadas pelo Ministro da Justiça, Félix Bolaños. Os organizadores insistem que se trata de uma greve pela dignidade da profissão e que não tem nada a ver com política.

No entanto, subjacente à situação está o crescente cansaço das acusações de "lawfare" feitas pelo governo e pelos partidos que apoiam o Executivo, e os ataques, segundo eles, à independência judicial. A presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Geral da Magistratura (CGPJ), Isabel Perelló, já teve que emitir vários alertas para conter os ataques a juízes que lidam com casos controversos.

As tensões entre o Judiciário e o Executivo têm aumentado recentemente, com a Lei de Anistia para o processo de independência também causando comoção, por ser vista como um ataque à separação de poderes.

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Juízes e promotores estão indignados porque veem uma tentativa do Executivo, usando o Legislativo como instrumento, de controlar o Judiciário. Por isso, também estão em greve pela reforma do Estatuto do Ministério Público, a fim de abrir caminho para a concessão de poderes investigativos aos promotores. Eles acreditam que isso não poderá ser feito até que a nomeação do Procurador-Geral seja separada do governo. Na opinião deles, essa reforma representa uma oportunidade perdida para atender às demandas da Europa por maior independência do Ministério Público.

Bolaños promoveu uma reforma para facilitar o acesso às profissões judiciais e do Ministério Público, ampliando bolsas de estudo, modificando tipos de provas, ampliando o quarto turno, restringindo o uso de treinadores de oposição, limitando o financiamento de associações e, sobretudo, consolidando a posição de todos aqueles licenciados em Direito que atuam como juízes substitutos sem terem sido aprovados no concurso.

O Supremo como símbolo

Bolaños já anunciou que as reformas não serão suspensas ou retiradas. Ele permanecerá vigilante até o resultado final. Tentará conter a imagem que se espera amanhã dos juízes plantados na Suprema Corte. "Este primeiro ato público acontecerá em um local profundamente simbólico e institucional. Não se trata de um protesto contra nenhum poder do governo, mas sim de uma manifestação cívica destinada a destacar o papel essencial do Judiciário na garantia dos direitos fundamentais e da independência judicial", afirmam os organizadores.

Eles escolheram a Suprema Corte por sua importância institucional: "É o lugar onde os candidatos concluem seu caminho para o serviço público, após anos de esforço baseado nos princípios de mérito, capacidade e igualdade."

Os organizadores — a Associação Profissional da Magistratura (APM), a Associação Judicial Francisco de Vitória (AJFV), o Fórum Judicial Independente (FJI), a Associação dos Promotores de Justiça (AF) e a Associação Profissional e Independente dos Promotores de Justiça (APIF) — anunciaram ontem que manterão a greve, apesar de tanto o Conselho Geral da Magistratura quanto a Procuradoria-Geral da República terem emitido relatórios afirmando que nem juízes nem promotores têm direito à greve e, portanto, não serão estabelecidos serviços mínimos. Ambas as organizações se baseiam em critérios anteriores, que, desde 2012, afirmam que tal direito não existe em ambas as profissões. No entanto, apesar disso, houve várias greves ao longo dos anos.

O comitê de greve anunciou que, como em ocasiões anteriores, será ele quem definirá os serviços mínimos para garantir a proteção judicial aos cidadãos.

Além disso, em resposta às críticas do governo, que os acusou de entrar em greve sem qualquer impacto financeiro, o comitê alertou em um comunicado que a greve afetará seus salários, como qualquer outro trabalhador. Como medida preliminar às greves, um protesto está sendo realizado hoje no Supremo Tribunal Federal para exigir a retirada das reformas. Bolaños já anunciou que não só não recuará, como também dará continuidade ao processo parlamentar, por considerá-lo essencial para a modernização e democratização do sistema de justiça.

Para essas cinco associações, essas reformas legislativas "comprometem gravemente os princípios da independência judicial, da separação de poderes e da autonomia do Ministério Público". Elas argumentam que "a greve constitui uma medida legítima, proporcional e responsável em defesa dos princípios fundamentais do Estado de Direito, da independência judicial e das condições profissionais".

Neste sentido, as associações organizadoras “mantêm firmemente que o direito à greve é ​​um direito fundamental consagrado na Constituição; não pode ser interpretado restritivamente; juízes e magistrados não estão excluídos do seu reconhecimento, e a ausência de regulamentação específica de implementação não implica a sua exclusão”.

Argumentam que, conforme estabelecido por decisão do Tribunal Constitucional, este é um direito individual que cada pessoa pode exercer autonomamente, sem autorização ou notificação prévia. Alertam que "qualquer tentativa por parte de um empregador de condicionar, obstruir ou coagir a decisão de um trabalhador quanto à sua participação numa greve constitui uma violação gravíssima e pode resultar em sanções pecuniárias e até mesmo na anulação de decisões disciplinares".

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