Senado aprova Lei Antilavagem de Dinheiro: Em que consiste e por que causa polêmica

Com 74 votos a favor, 13 contra e 19 abstenções, o Senado aprovou, na generalidade e na especialidade, a reforma da Lei Federal de Prevenção e Identificação de Operações com Recursos Ilícitos e do Código Penal Federal.
Esta nova legislação, promovida pelo Morena e seus aliados, busca fortalecer o combate à lavagem de dinheiro e ao terrorismo. No entanto, levantou suspeitas devido à margem que concede ao Ministério das Finanças e Crédito Público (SHCP) para acessar os dados pessoais dos cidadãos .
Os principais pontos da reforma incluem:
- A ampliação dos poderes do SHCP , permitindo-lhe solicitar informações de departamentos, órgãos autônomos, sindicatos e empresas estatais sem necessidade de autorização judicial, conforme estabelecido no controverso artigo 51 bis.
- A inclusão de novas atividades consideradas vulneráveis, como desenvolvimento imobiliário , ativos virtuais (criptomoedas) e trusts .
- A definição e o monitoramento das chamadas pessoas politicamente expostas , ou seja, aquelas que ocuparam cargos públicos no México ou no exterior, bem como seus familiares e associados, de acordo com critérios a serem estabelecidos pelo Ministério do Ministério Público (MPP).
- A cooperação entre o SHCP e a Guarda Nacional para prevenir e detectar transações ilícitas levantou temores de uma possível "militarização" no combate aos crimes financeiros.
Parlamentares da oposição e diversos especialistas alertam que esta lei pode abrir caminho para abusos. A senadora Alejandra Barrales, do Movimento Cidadão, criticou a reforma por permitir que o Estado acesse dados sensíveis de cidadãos, partidos políticos, sindicatos e empresas sem ordem judicial.
O Artigo 3, Seção IX bis, que amplia o conceito de pessoa politicamente exposta, foi identificado como um risco à privacidade, pois permite um escrutínio mais amplo até mesmo de familiares de ex-funcionários públicos.
Além disso, o artigo que permite a cooperação com a Guarda Nacional preocupa aqueles que temem o envolvimento do Exército em investigações financeiras. "Existe o risco de criminalizar opositores ou dificultar investimentos ao gerar incerteza no setor privado", disse o senador do PAN Francisco Ramírez.
A iniciativa segue agora para a Câmara dos Deputados , onde um novo debate está previsto. Por ora, organizações de direitos humanos e setores empresariais já solicitaram ajustes para evitar excessos e garantir o equilíbrio entre segurança e direitos dos cidadãos.
Vale destacar que o governo justifica a reforma como parte de seu compromisso com os padrões do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), em um contexto em que o México busca demonstrar progresso no combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
La Verdad Yucatán