Tarcísio faz discurso eleitoral a evangélicos e reafirma candidatura em SP após ataques de filhos de Bolsonaro

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) voltou a dizer nesta segunda-feira (18) que trabalha por sua reeleição em São Paulo e afirmou que busca ajudar um eventual candidato da centro-direita nas eleições presidenciais do ano que vem.
Tarcísio participou de um evento promovido por um fundo de investimentos em um hotel da zona sul da capital. À noite, discursou a evangélicos em Barueri com referências bíblicas e promessas de entregas estaduais para 2026.
Durante o final de semana, foi tratado como candidato à Presidência em um almoço com banqueiros e sofreu duras críticas feitas pelo clã Bolsonaro a governadores da centro-direita, a quem o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL) chamou de ratos e oportunistas.

Em sua palestra no evento na zona sul, o governador pregou união entre os políticos da centro-direita e defendeu a construção de um projeto unificado para o país, em alternativa às políticas implementadas pelo PT.
"Acho que, mais importante do que pensar em uma candidatura de centro-direita, é pensar num projeto de país. Qual é o projeto? Qual é a agenda para o Brasil? Quais são os problemas que nós temos de resolver? E aí nós temos um compromisso gigantesco. O que a nossa geração vai deixar para as gerações que estão vindo?", questionou.
"Onde eu posso contribuir? Primeiro, em fazer um trabalho legal aqui em São Paulo, tentar entregar aqui em São Paulo, e eu vou focar neste projeto de São Paulo. Se eu fizer um bom trabalho aqui, a gente vai ajudar um projeto deste campo político. Meu objetivo agora é ajudar este campo, ajudar quem vai vir, quem vai ser candidato do nosso campo, tentar ajudar com um projeto de Brasil", disse Tarcísio a jornalistas após sua palestra.
Tarcísio optou por não responder diretamente às críticas de Carlos Bolsonaro, que também foram reproduzidas por seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos e diz trabalhar por sanções a autoridades brasileiras em resposta ao processo no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) .
Como a Folha relatou, nos dias que sucederam o decreto de prisão preventiva de Bolsonaro, Tarcísio intensificou agendas com empresários do setor agropecuário e financeiro, em que vem sendo tratado como possível candidato à Presidência.
O clã Bolsonaro critica os governadores porque, no entendimento deles, os aliados do ex-presidente deveriam estar lutando mais enfaticamente para evitar a condenação de Bolsonaro, defendendo a aprovação de um projeto de anistia e fazendo críticas ao Judiciário.
Além da intensificação das agendas de Tarcísio, o ataque dos Bolsonaro a governadores ocorreu no mesmo fim de semana em que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou sua pré-candidatura presidencial.
Zema minimizou as críticas nesta segunda, durante entrevista coletiva. "Nós da direita temos as mesmas propostas, estamos lutando pelos mesmos objetivos. Eu fico até surpreso, mas compreendo. Me solidarizo com a família, que tem vivido um momento difícil. Continuamos caminhando juntos. Até marido e mulher discordam, né? Então o que dizer de partidos políticos diferentes?", afirmou o mineiro.
Mais tarde, Tarcísio palestrou por mais de duas horas a evangélicos que frequentam a Igreja Baptista Lagoinha de Alphaville, em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, misturando temas bíblicos, história pessoal e propaganda de suas ações de governo.
Fez promessas de entregas para 2026 e construiu falas em torno da crença no impossível. "As coisas não são possíveis para os homens, mas não são impossíveis para Deus", disse o governador.
Tarcísio citou diversas passagens bíblicas para ilustrar diferentes períodos de sua história e apresentou uma sequência de projetos de seu governo com promessas de entrega no ano que vem: trechos do Rodoanel, a Linha 17-Ouro do Metrô, o trem intercidades entre São Paulo e Campinas, parte da Linha 6-Laranja do Metrô, entregas de hospitais e também o recente programa SuperAção.
Ele também citou a privatização da Sabesp e estatísticas criminais no estado. "É possível criar um estado mais seguro? A gente acredita que sim", afirmou, com elogios à gestão do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, presente na plateia, a quem classificou como "uma pessoa extremamente corajosa, que tem feito a diferença".
O chefe do Executivo paulista repetiu elogios a Derrite várias vezes. O secretário é cotado para ser candidato ao Senado pelo PP no próximo ano ou ao governo estadual caso Tarcísio saia à Presidência.
Derrite vinha acumulando críticas pelo aumento na letalidade policial, escândalos envolvendo câmeras corporais e casos de corrupção na Polícia Civil. Tarcísio disse que, ao fim do ano passado, houve forte cobrança pela saída do secretário. "Sabem quando vou dar a cabeça de um secretário na bandeja a pedido da imprensa? Nunca. O dia em que eu fizer isso, acabou a minha liderança", disse ele.
uol