Uma nova estratégia para Portugal

Temos um parlamento com uma maioria de dois terços de direita.
É uma enorme mudança na política portuguesa que, durante as últimas cinco décadas, se viu como que subjugada a um domínio ideológico, liderado por uns pseudo-intelectuais, auto-convencidos de possuírem uma verdade absoluta sobre o bem e o mal.
E assim vivemos, durante mais de 50 anos sem poder dizer aquilo que pensamos, sem poder dizer que o socialismo é a destruição do indivíduo, que as minorias devem ser respeitadas, mas que não devem determinar a normalidade.
Sem poder pedir que a justiça condene os que prevaricam, sem poder chamar ladrão a quem rouba e sem poder afirmar que quem cria riqueza é quem deve ser acarinhado ,e que quem é preguiçoso não deve ser protegido.
Finalmente podemos voltar a dizer que há homens e mulheres e que, porque há quem seja diferente – a quem temos que respeitar e cuidar – não temos que transformar a normalidade naquilo que não é verdadeiramente o normal.
Mas é neste momento de mudança, em que o Alentejo passou do domínio da esquerda para ser um bastião do Chega, em que as ideias sobre uma política de promoção do ambiente empresarial, de uma política fiscal competitiva e de uma política de promoção da iniciativa privada dominam incontestadamente o parlamento, que temos que encontrar uma forma de trabalho entre os vários partidos que compõem esta maioria no sentido de capitalizar este apoio popular, que nos pedirá contas das conquistas que formos ou não capazes de concretizar.
Enquanto a ideia de uma revisão constitucional me parece extemporânea, até pela possibilidade de se transformar no factor de desunião da própria direita, os acordos sobre as políticas que acima descrevi são essenciais para a consolidação desta transformação política que o povo nos encoraja a realizar.
Este é o momento de reforçar a direita, de recentrar a política portuguesa tornando nos dois partidos alternativos de poder, o do centro e o da direita.
É este o momento de deixar cair os defensores do passado marxista e deixar de acreditar que teremos sempre de alternar o poder entre quem defende e quem ataca o crescimento económico.
A discussão deve centrar-se, a partir de agora, entre aqueles que promovendo a criação de riqueza apostam uma democracia mais social e mais participada e os que, defendendo o crescimento económico acreditam num comando mais determinante e mais impositivo.
E desenganem-se os que possam acreditar que um só dos caminhos é melhor para o desenvolvimento do nosso país.
A alternância democrática é e continuará a ser a grande forma de temperar as duas correntes governativas e, através das eleições, deverá ser o povo a decidir qual dos dois sistemas deve tomar o poder em cada momento.
E a disputa política não deve ser vista como um combate de inimigos, mas sim como uma complementaridade de soluções que convencerão cada um nos momentos apropriados.
Para que isto se torne possível necessitaremos no imediato que haja a capacidade política de mudar.
De mudar o Chega para um partido que continue a afirmar os seus ideais de uma forma clara, mas que não deixe de apoiar as mudanças que se enquadrem nessas suas ideias e que sejam promovidas pelos partidos do governo.
A coligação no governo terá que criar a abertura para ver no Chega a capacidade de ser o apoiante das reformas que mencionei e que serão indispensáveis à satisfação dos eleitores.
É tempo de ajudar a criar esta nova realidade política, em que apenas sobreviverá quem souber interpretar o que procuram hoje os portugueses, que já mostraram que não querem linhas vermelhas e que nem sequer querem ideias vermelhas.
Querem sim gente disponível para trabalhar e para promover um desenvolvimento que leve os portugueses a viverem melhor, com imigrantes bem acolhidos e integrados, com meritocracia na gestão publica, com seriedade nas lideranças, com segurança nas ruas, com bons serviços sociais e com uma educação que nos devolva o avanço tecnológico e cultural do nosso povo.
Chegou a hora de mudar e esta é a nova estratégia para Portugal.
observador