Reunião urgente por escalada militar dos EUA nas Caraíbas

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) realizam esta segunda-feira uma reunião virtual, motivada pelo envio pelos Estados Unidos de navios de guerra para as águas ao largo da Venezuela.
O encontro foi convocado, com urgência pelo Governo da Colômbia, que detém atualmente a presidência rotativa da CELAC.
“O objetivo desta reunião será trocar opiniões e reflexões sobre a situação regional (…) e abordar, de forma aberta e construtiva, as preocupações existentes em torno dos recentes movimentos militares nas Caraíbas e as implicações potenciais para a paz, a segurança e a estabilidade regionais”, explicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Colômbia, em comunicado.
Na quarta-feira, também a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA-TCP) condenou o que afirmou ser uma escalada militar dos EUA e solidarizou-se com a Venezuela.
“Os países membros da ALBA-TCP [Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Antígua e Barbuda, Dominica, Granada, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, e Santa Lúcia], no exercício do direito à autodeterminação e em defesa da paz regional, expressam a mais firme condenação à recente escalada militar do Governo dos Estados Unidos da América, que inclui o envio de navios de guerra e submarinos nucleares para o Mar das Caraíbas”, afirmaram em comunicado.
O documento da CELAC, publicado na sua página na internet, sublinha que tal ação representa “uma séria ameaça à paz e à segurança da região, para além de constituir uma violação da Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz”, adotada pela organização em 2014 e reconhecida pela ONU.
Na terça-feira, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, anunciou o envio de barcos de guerra e drones para patrulhar as águas territoriais venezuelanas face à presença militar dos EUA.
A 18 de agosto, o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou a deslocação de 4,5 milhões de milicianos por todo o país, depois dos EUA terem duplicado para 50 milhões de dólares (43 milhões de euros) a recompensa por informações que possam conduzir à sua detenção.
Mais de quatro mil militares, incluindo aproximadamente dois mil fuzileiros navais, juntamente com aeronaves, navios e lançadores de mísseis, foram mobilizados por Washington para patrulhar as águas próximas da Venezuela e das Caraíbas para combater os cartéis de droga.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, garantiu na semana passada que a iniciativa de Washington conta com o apoio de países como a Argentina, o Paraguai, o Equador, a Guiana e Trinidade e Tobago, e que os seus governos manifestaram disponibilidade para colaborar em ações conjuntas contra o narcotráfico
Na quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos Estados Unidos e à Venezuela para que “resolvam as diferenças por meios pacíficos”.
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