Choque de oferta energético terá impacto transversal e irá pressionar inflação, antevê analista

A possibilidade do Irão decretar o fecho do Estreito de Ormuz, por onde passa um quinto do tráfego de petróleo a nível mundial, como medida de retaliação face à recente escalada dos conflitos no Médio Oriente, poderá ter um impacto transversal nas economias e pressionar a inflação. A análise é do economia António José Duarte ao JE.
“A recente escalada dos conflitos no Médio Oriente e o risco crescente de bloqueio do estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial — trouxeram nova incerteza aos mercados internacionais”, começa por referir este especialista.
Realça António José Duarte que “a subida acentuada do preço do petróleo e do gás natural traduz-se num choque de oferta energético com impacto transversal nas economias, pressionando ainda mais a inflação a nível global”.
“Este novo fator de risco soma-se à já elevada pressão inflacionista originada por políticas comerciais restritivas, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos”, refere este analista. Assim, na presença de um pré-existente choque sobre a oferta, um novo choque desta vez energético “agravará de forma substancial este quadro, pois ao aumento dos preços por via do aumento dos custos de produção (e não por via do aumento da procura) poderá seguir-se por via da redução do poder de compra uma maior pressão para aumento dos salários levando a uma sucessiva revisão em alta da expectativas da inflação”.
Desta forma, “está potenciado o risco de estagflação, desafiando os bancos centrais a adotarem políticas monetárias mais restritivas para conter a escalada dos preços, mesmo perante um contexto de arrefecimento económico”.
“Os efeitos potenciais vão além da inflação: aumento da volatilidade nos mercados financeiros com aumento da procura por ativos de refúgio, deterioração das balanças comerciais das economias importadoras de energia o que poderá desvalorizar moedas e “alimentar” ainda mais a inflação e o reforço de tensões geopolíticas com impacto nas cadeias de abastecimento globais”, conclui António José Duarte ao JE.
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