Haddad diz que governo Lula costura acordo bilateral com os EUA para evitar tarifas de Trump

Diante da incerteza comercial provocada pelas novas ameaças do presidente norte-americano Donald Trump, o ministro da Fazenda Fernando Haddad adotou um tom de prudência nesta terça-feira 8. Segundo o ministro, que conversou com jornalistas na entrada da sede do Ministério, as declarações do republicano após a reunião do Brics demandam uma avaliação cuidadosa.
“Tem um grau de incerteza nas falas que precisam ser avaliadas com o tempo. Os prazos estão sendo prorrogados, têm muitas idas e vindas, nós temos que aguardar”, afirmou Haddad.
O ministro, então, confirmou que uma equipe do governo Lula (PT) mantém negociações diretas com o governo norte-americano para tratar de um eventual acordo bilateral.
“Tem uma equipe do presidente Lula sentada à mesa com o governo americano tratando do nosso acordo bilateral. Então, estamos focando no trabalho técnico feito por eles, porque se considerar tudo que está sendo dito, nós vamos nos perder em um discurso que pode não conduzir para o melhor resultado para os dois países”, disse Haddad.
Sobre o tema, o ministro da Fazenda fez também uma defesa das parcerias comerciais estabelecidas pelo Brasil. “Nós não podemos, pela escala da economia brasileira, prescindir dessas parcerias [com a União Europeia e os acordos bilaterais no Oriente Médio], nós não podemos tornar apêndice de um bloco “, complementou.
IOFNa conversa, Haddad foi questionado sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender tanto os decretos governamentais sobre o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) quanto a decisão do Congresso que os derrubou. Ele optou por repetir os argumentos apresentados pelo governo na ação judicial.
“Nós atingimos patamares absurdos: 800 bilhões de reais que estão favorecendo determinados grupos econômicos em determinado do empresariado nacional”, disse Haddad. “Toda vez que você favorece um grupo econômico, você compromete as metas fiscais, a taxa de juros fica alta, prejudica o país inteiro. Qual é o sentido?”, questionou.
Antes, Haddad já tinha dito que a decisão de Moraes era “ótima”. Agora, segundo ele, a documentação está sendo preparada para ser apresentada ao processo. Segundo o ministro, a ideia do governo é evitar a evasão fiscal.
CartaCapital