Por que alguns londrinos querem que a prefeitura reverta o curso e renomeie Plantation Road
Membros da comunidade negra de Londres iniciaram uma petição online que recebeu centenas de assinaturas, pedindo aos políticos da cidade que revertam sua decisão de não renomear Plantation Road.
Em sua reunião de 13 de maio, o Conselho Municipal votou por 9 a 6 contra a renomeação da rua, localizada em um loteamento no bairro de Oakridge, para Larch Road. No entanto, para os signatários da petição, a decisão mina uma história dolorosa e contraria o plano municipal de combate ao racismo contra negros.
"Não se trata apenas de um nome, o próprio termo plantation evoca um legado doloroso de escravidão, colonialismo e violência contra os negros", disse Neisa Long, mestranda em História Pública na Western University, que lançou a petição no início desta semana.
"Londres tem um legado e uma história poderosos como um local de refúgio para os negros que buscam liberdade, então manter um nome como Plantation Road em nossa cidade, que antes representava um espaço de esperança, libertação e liberdade para tantos indivíduos negros, realmente se torna uma contradição."
Larch Road estava na lista de nomes pré-aprovados para ruas da cidade, que foi revisada pela Comissão de Direitos Humanos de Ontário e inclui informações da divisão antirracismo da cidade.
A iniciativa para renomear a rua vem sendo debatida na prefeitura há vários anos e remonta a uma petição iniciada em 2020 por Lyla Wheeler, então com 10 anos, devido à sua relação com o tráfico transatlântico de escravos. A petição foi rejeitada na época devido a um custo estimado de US$ 10.000 e a regras que exigiam a concordância da maioria dos proprietários.
Na semana passada, o vereador Steve Lehman explicou que a rua, construída em 1959, recebeu o nome de uma plantação de árvores na região. Ele disse ter consultado 23 moradores da rua e, desses, 18 eram contra a mudança de nome devido às implicações financeiras e legais.
"Mudar de endereço não é pouca coisa. Vemos isso quando compramos uma casa nova, e as taxas legais que temos que arcar, além de outras coisas, quando fazemos essa mudança", disse Lehman, dando exemplos de alterações de informações em contas, documentos de seguro e outros.
"A rua em que você mora é mais do que apenas um nome em uma placa, ela é parte de sua identidade e de suas memórias compartilhadas entre seus amigos, familiares e vizinhos."

O vereador Paul Van Meerbergen, no entanto, referiu-se à questão como uma "controvérsia fabricada", acrescentando que "a cidade tem problemas muito mais sérios do que o nome Plantation Road".
Essa explicação não basta para Long, que disse ao programa Afternoon Drive da CBC que os membros da comunidade estão decepcionados e se sentem ignorados porque muitos escreveram ao conselho, detalhando a dor geracional que a palavra acarreta para eles.
"A presença contínua da palavra em nossas ruas abre essas feridas e sinaliza que a história e a dignidade negra são algo negociável na tomada de decisões cívicas", disse Long.
"Isso a reduz a uma definição de dicionário que apaga as realidades vividas por pessoas que carregam o trauma geracional e emocional da escravidão."
'Não se trata de sentimentos', diz vereadorAlguns políticos da cidade concordaram e tentaram realizar uma consulta pública para discutir o assunto mais detalhadamente com os londrinos, mas a decisão foi rejeitada pelo restante do conselho.
A vereadora Elizabeth Peloza argumentou que uma mudança de nome seria uma oportunidade para a cidade tomar medidas significativas para mostrar aos negros londrinos que suas vozes e experiências importam.
"Não se trata de sentimentos, mas sim de pertencimento, história e respeito. O poder da linguagem é fundamental para moldar uma sociedade de valores e movimentos", disse Peloza.
Só porque algo existiu de uma certa maneira por muito tempo, e só porque um número limitado de pessoas se manifestou no passado, não significa que deva permanecer inalterado. Nós evoluímos, aprendemos, crescemos e nos esforçamos para fazer melhor.
Long disse que a petição já reuniu 337 assinaturas e espera que isso motive a cidade a repensar sua posição sobre o assunto e fazer mudanças sistêmicas para as gerações futuras.
cbc.ca