Por favor, sigam o exemplo! De repente, o futebol masculino deveria ser voltado para as mulheres.

A celebração terminou, deixando para trás uma mistura agridoce de tristeza e lembranças. O Campeonato Europeu Feminino foi uma explosão de emoções – ainda mais porque nunca mais vivenciaremos um evento como esse à nossa porta. O futebol feminino também superou as condições locais e buscará estádios maiores no futuro.

O fim de semana da final do Campeonato Europeu coincidiu com o início da nova temporada da Superliga masculina. Dois dias depois de a Espanha derrotar a Alemanha na semifinal no Estádio Letzigrund, o FC Zurique perdeu para o Sion no mesmo local. Posteriormente, contêineres de lixo foram incendiados em um ponto de bonde e, em outro incidente, a polícia usou balas de borracha contra torcedores do FC Zurique. O contraste com as coloridas passeatas dos torcedores do Campeonato Europeu foi doloroso, e a indignação foi imensa.

Não precisa ser assim, não queremos isso, pensaram sete diretoras de segurança, lideradas por Stephanie Eymann, de Basileia, entre muitas outras. Em carta à Federação Suíça de Futebol e à Liga Suíça de Futebol, elas expressaram seu desejo, ou melhor, sua exigência, de que "no futuro, o futebol masculino na Suíça imite a competição alegre e pacífica das mulheres".

A Eurocopa demonstrou, de forma fascinante, como o futebol e seus rituais podem ser interpretados de diferentes maneiras. Foi lindo! Foi tocante! Poderia ter continuado assim para sempre. Mas a ideia de que os torcedores da Bundesliga imitarão os torcedores da Eurocopa no futuro é, infelizmente, completamente ilusória. Eles têm tanto em comum com os torcedores da seleção quanto os amantes da ópera têm com os metaleiros.

Não é um pouco estranho? Depois de anos insistindo, com razão, que o futebol feminino não fosse comparado ao masculino, eles agora estão, feliz e pacificamente, juntando todos: jovens homens que curtem curvas e testam suas forças em grupo toda semana, ultrapassando limites no processo. E fãs de eventos que se fantasiam de queijo.

Talvez seja um exagero, mas qualquer pessoa com o mínimo conhecimento sobre a cultura dos torcedores sabe que os torcedores de seleções nacionais representam uma classe social completamente diferente. Também não houve queima de contêineres no Campeonato Europeu Masculino de 2008, na Suíça e na Áustria.

O Campeonato Europeu Feminino não expôs rituais arcaicos de masculinidade no futebol de clubes; já os conhecemos há muito tempo. Mas tornou-os ainda mais difíceis de suportar. No futuro, porém, esses problemas não serão aliviados por súplicas, mas sim pela árdua luta por melhorias, com constantes retrocessos.

Vamos relembrar a passeata dos torcedores em Berna, vamos assistir ao gol de Riola Xhemaili contra a Finlândia pela centésima vez. Vamos ficar tristes por ter acabado e felizes por ter sido mais bonito do que nossos sonhos mais loucos. Mas "flower power" para os ultras? Vamos esquecer.

Um artigo do « NZZ am Sonntag »